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7 DE MAIO DE 2015

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suportar a retoma da economia, que há de ser, com certeza, dividida entre a recuperação da procura interna e

da procura externa.

Hoje mesmo, o Banco de Portugal divulgou o seu Boletim Estatístico mensal e fez um balanço, uma

avaliação do que foi o ano de 2014. Remeto uma parte do que gostaria de dizer sobre isso para o próprio

Boletim, que entendo ser bastante concludente.

A retoma da nossa economia, registada em 2014, beneficiou da recuperação, pela primeira vez, do

investimento, em quase cinco anos de recuo do mesmo, da formação bruta de capital fixo. Mas, além de, pela

primeira vez, durante este ciclo económico, ter havido uma recuperação do investimento, a recuperação do

consumo aparece associada à criação de emprego, razão por que não põe em causa o equilíbrio externo da

economia. E é isto que o Banco de Portugal utiliza, de certa maneira, para evidenciar que estamos perante

uma mudança de paradigma, em termos estruturais, na economia portuguesa, já que conseguimos crescer,

em 2014 — e é esta a projeção para 2015 e 2016 —, sem desequilíbrio externo, tendo o consumo suportado,

por um lado, pelo aumento do emprego e, por outro, pelo novo investimento. Este é, talvez, Sr. Deputado, o

elemento, a pedra de toque mais importante para futuro: garantir que, mais do que soluções que podem

parecer milagrosas, podemos dar aos portugueses a noção clara de que a nossa recuperação não segue o

modelo estafado que nos conduziu à bancarrota, segue um modelo virtuoso assente na criação de mais

emprego e, sobretudo, na recuperação do investimento.

Também a procura externa continuou a aumentar relativamente a Portugal, apesar da conjuntura

desfavorável, o que permitiu que o ano de 2014 tivesse sido o melhor de Portugal em matéria de exportações.

Os dados de que vamos dispondo, dos primeiros meses deste ano, confirmam a continuação desta tendência.

Portanto, Sr. Deputado, a nossa recuperação e o nosso crescimento, que foi o tema que o CDS-PP

escolheu, assenta, realmente, na confiança e tem vindo a mostrar solidez, pela forma como se tem vindo a

apresentar aos olhos dos portugueses. E, como o Sr. Deputado disse, e muito bem, o que estamos a discutir é

qual o grau de recuperação e de crescimento que vamos registar.

A Comissão Europeia ainda ontem apresentou a sua previsão e, apesar de, no que respeita à matéria

orçamental, continuar mais cética do que o Governo, embora cada vez menos cética do que estava antes e,

portanto, cada vez mais próxima das previsões do Governo, na verdade prevê uma recuperação da economia

que, julgo eu, está em linha com a nossa perspetiva, sobretudo se tivermos em conta o cenário de políticas

invariantes de que parte a Comissão Europeia e o cenário já conhecido, apresentado no Programa de

Estabilidade pelo Governo português, que mostra mais realismo quer no que respeita ao equilíbrio orçamental

quer, em termos de solidez quanto ao crescimento da economia para o próximo ano.

Mas não há dúvida nenhuma de que todos convergem no sentido de que este ano iremos crescer pelo

menos 1,6%, mas é possível que seja mais; e o mesmo se passa para o ano de 2016 e seguintes.

Claro que o Sr. Deputado Nuno Magalhães chamou a atenção, e muito bem, para o problema da TAP. A

greve que está a ocorrer prejudica este caminho de recuperação na medida em que, do ponto de vista do

sistema económico, há sempre uma repercussão negativa, mormente sobre o turismo, mas não apenas sobre

o turismo, também sobre o comércio, que está na sequência direta de um menor afluxo de turistas, desde logo

para Portugal, via cancelamentos que são feitos ao nível da TAP.

Mas, mais do que esse impacto, que há de ser, evidentemente, um impacto conjuntural, ocasional,

preocupa-nos sobremaneira o impacto sobre a reputação da empresa, que pode durar muito tempo até

conseguir ser ultrapassado e, em segundo lugar, o impacto financeiro sobre a própria empresa. Vale a pena

recordar que a TAP é uma empresa que precisa de capitalização, justamente, como o Sr. Deputado disse e

muito bem, de modo a poder investir operacionalmente na melhoria do seu serviço, num serviço mais eficiente,

poupando em combustível, conseguindo mais conforto, melhores e mais rotas que possam suportar, no hub de

Lisboa, uma operação com mais sucesso. E é isso que está em causa na operação de privatização. O Estado

não está em condições de fazer esse tipo de capitalização da empresa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Porquê?

O Sr. Primeiro-Ministro: — De resto, está impedido de o fazer…

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É falso!