I SÉRIE — NÚMERO 86
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obter convergência foram precisamente aquelas que corresponderam, em muitos casos, a opções de fundo e
não a meras questões de pormenor.
Portanto, não temos uma discussão fácil e rápida pela frente em matérias que são decisivas para o futuro
do cooperativismo.
É por isso que pergunto ao Sr. Deputado se não estaremos perante uma circunstância em que o debate e o
movimento cooperativo português ganhariam com uma discussão ampla, participada e aprofundada a partir da
Assembleia da República, com circunstâncias que não as de termos, agora, o fim de mandato à vista e
pouquíssimo tempo para esse trabalho de especialidade.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Há um desconto do tempo no tempo global, mas pedia aos Srs. Deputados que
mantivessem as perguntas dentro do tempo regimental, para distribuirmos melhor o debate.
Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Canavarro.
O Sr. José Manuel Canavarro (PSD): — Sr.ª Presidente, quase que me apeteceria responder aos dois
pedidos de esclarecimento com uma resposta só, mas vou personalizá-la.
Respondendo, em primeiro lugar, ao Sr. Deputado Bruno Dias — a quem agradeço a questão que me
colocou e, de forma muito vincada, o modo sereno como o fez —, acho que importa, e ainda temos tempo,
fazer uma discussão. Se calhar, não com o tempo ideal, mas creio que há uma excelente base de trabalho. E
essa base de trabalho, que foi feita fora da Assembleia da República, pode ajudar-nos, no tempo que temos, a
conseguir um código tão consensual quanto possível. Demonstramos, assim, a nossa abertura e a nossa
disponibilidade total. Aliás, a nossa intenção, creio que partilhada pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, é pedir
a baixa, sem votação, desta iniciativa, para que a discussão possa ser livre.
Estamos perante uma base de trabalho que foi elaborada pelo setor e, como há pouco o Sr. Deputado Raúl
de Almeida referiu, também foi elaborada por outras personalidades igualmente ligadas a este setor, e creio
que isso é uma ajuda. Portanto, com essa ajuda e com o tempo que temos disponível, acho que é possível
criar um código consensual e melhor do que aquele que foi aprovado em 1996.
Sr. Deputado Raúl de Almeida, também agradeço muito as suas palavras e secundo, em grande medida, o
que referiu. Tendo em conta o que referiu e o modo como realmente este processo decorreu, acho que nos
cria a obrigação de que ele continue a correr desse mesmo modo. Portanto, vincula-nos a uma obrigação de
tentar consensos, na medida do possível, e de criar um código que seja melhor do que aquele que está em
vigor.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, informo que o Bloco de Esquerda prescindiu de formular perguntas,
preferindo intervir mais à frente neste debate.
Sendo assim, tem a palavra, para formular perguntas, o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Manuel Canavarro, não
temos qualquer dúvida sobre a importância que o setor cooperativo e social desempenha nos nossos dias,
mas também não temos qualquer dúvida sobre a necessidade de o Governo respeitar a Constituição, que
estabelece expressamente a obrigação do Estado na promoção e no fomento cooperativo, que, como
sabemos, nem este Governo, nem os anteriores, o têm feito, quer no que diz respeito à promoção, quer no
que diz respeito ao fomento cooperativo. Aliás, podemos até dizer «bem pelo contrário».
O PSD e o CDS apresentam-nos uma proposta sobre a revisão do Código Cooperativo, mas, Sr. Deputado,
esta proposta acaba por se resumir ao ressuscitar das propostas que o PSD apresentou há 20 anos e que
foram rejeitadas por motivos de ordem constitucional.
Portanto, uma parte substancial das propostas que o PSD hoje apresenta foi rejeitada por violar a
Constituição, a lei fundamental do País, e, como tal, parece-nos que há um esforço de insistência, em jeito de
atirar o barro à parede para ver se cola.