15 DE MAIO DE 2015
9
no Conselho Nacional de Economia Social, e refiro-me à admissibilidade de membros investidores e ao voto
plural.
O Governo, o PSD e o CDS, deixem-me dizer-vos, numa primeira leitura do documento, ou seja, do projeto
de lei, fizeram copy paste e, mesmo assim, um mau copy paste, com muitas gralhas, lapsos e até
incongruências sistemáticas, sendo que apenas acrescentaram ao que veio do CNES o voto plural e os
membros investidores. Ou seja, naquilo que o Governo, PSD e CDS contribuíram para o documento aprovado,
por consenso, no CNES foi para introduzir apenas matérias de dissenso e mal configuradas.
O Governo, o PSD e o CDS não começaram bem. A intervenção dos grupos parlamentares pode permitir e
acalenta-nos a esperança de que se possam cometer erros, a nosso ver, graves pela forma abrupta e
inesperada com que pareceram querer romper uma lógica de consenso social — a forma como a iniciativa
entra parece que se quer abrir (oxalá não seja!) uma rutura política — e afrontam com estas duas medidas que
acabei de referir os princípios cooperativos da Aliança Cooperativa Internacional e podem abrir uma frente de
inconstitucionalidades.
Só a correção destes erros em sede trabalho na especialidade pode servir a um código cooperativo legal e
adequado aos novos desafios.
Defendemos a reforma da legislação ordinária do setor da economia social, no enquadramento da Lei de
Bases da Economia Social, criando as condições para o desenvolvimento e modernização das entidades que
o integram e para a expansão das suas atividades, nomeadamente, através da eliminação de barreiras legais,
regulamentares e burocráticas.
É importante equacionar e avançar no reforço do papel das cooperativas nas áreas financeiras e
seguradora, nos quais já têm presença através do Crédito Agrícola e da Mútua dos Pescadores, mas também
na produção industrial, no comércio e serviços, na energia e noutras áreas de atividade socialmente
estratégicas, promovendo o crescimento do seu contributo para a criação de riqueza e para a criação de
emprego a nível nacional.
Colocam-se aqui muitas oportunidades no domínio cooperativo que podem reclamar uma reforma
estatutária da CASES e o reforço das suas competências no setor da economia social, assim como o
alargamento do CNES, reforçando a sua representatividade ajustada ao perímetro da economia social, nos
termos do previsto na Lei de Bases.
Afirmamos, neste debate, o propósito do PS em apresentar aos portugueses novos caminhos que
permitam a exploração do grande potencial do setor cooperativo e para tal é imperioso, desde logo, no âmbito
da modernização administrativa, agilizar, sem facilitismos, o processo de criação de cooperativas, uma
Cooperativa na Hora, em particular, através da iniciativa de jovens, com apoio de fundos estruturais, ao
mesmo tempo rejuvenescendo o setor cooperativo e combatendo o desemprego jovem, para o que se reclama
um rápido arranque do programa COOPJOVEM para que este não seja mais um fiasco ou uma peça de
propaganda política como é o Impulso Jovem ou o Garantia Jovem, em Portugal.
O PS não foge às dificuldades; antes, as enfrenta para as melhorar e as resolver.
Neste projeto de lei, as matérias dos membros investidores e do voto plural, porque podem afetar a
identidade cooperativa, o consenso social e a legalidade, são aspetos centrais no debate a realizar em sede
de especialidade, para o qual devem ser chamados a dar testemunho os parceiros e os especialistas em
matéria de direito cooperativo. Estamos abertos e disponíveis para esse debate.
O PS sabe, pela história e pela experiência do presente, que as práticas das entidades da economia social
e do cooperativismo, com suas virtudes e defeitos, contêm princípios e valores que terão, no futuro, cada vez
mais importância no processo de mudança que está em curso em todas as sociedades.
Cooperação e solidariedade são dois princípios basilares para a criação de uma sociedade mais justa, mais
livre e mais humana.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, inscreveram-se, para formular perguntas, a Sr.ª Deputada Inês
Teotónio Pereira, pelo CDS-PP, e Adão Silva, pelo PSD.
Uma vez que pretende responder em conjunto, tem, desde já, a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio
Pereira.