I SÉRIE — NÚMERO 87
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que seria uma matriz que corresponderia exatamente àquilo que pretendíamos e que obviava às profundas
reservas que eu própria tinha face à anterior lei de política criminal, designadamente nas indicações que dava
ao Ministério Público em sede de formas processuais a adotar.
Estamos, pois, perante uma lei que defende os mais vulneráveis, por um lado, e combate os crimes
corrosivos da liberdade republicana, por outro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Ministra, tem quatro pedidos de esclarecimento, dos Srs. Deputados Cecília
Honório, do BE, Jorge Lacão, do PS, António Filipe, do PCP, e Telmo Correia, do CDS-PP.
A Mesa tem indicação que a Sr.ª Ministra irá responder conjuntamente a estes pedidos de esclarecimento.
Dou, em primeiro lugar, a palavra à Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Sr.ª Ministra da Justiça, que
cumprimento, discutimos hoje a proposta de lei n.º 318/XII (4.ª), que prioriza a prevenção e investigação de
crimes para o biénio de 2015-2017, no âmbito da Lei-Quadro da Política Criminal, a Lei n.º 17/2006, como aqui
bem invocou.
Queria propor-lhe que voltássemos um pouco atrás, a 2005, na altura em que este debate sobre a Lei-
Quadro provocava a oposição de procuradores, a divisão entre advogados e a então advogada Paula Teixeira
da Cruz não tinha quaisquer dúvidas. E cito: «Esta é uma lei péssima. Esta lei põe em causa a separação de
poderes. É uma forma de o poder político se desresponsabilizar dos problemas da justiça», quando o que
estava em causa, e volto a citá-la, era «a formação, a especialização e o fortalecimento de todos os
operadores», e quando, na altura, também denunciava a falta de confiança entre Governo e os mesmos
operadores.
Sr.ª Ministra da Justiça, o PS foi-lhe perguntando, insistentemente, ao longo destes quatro anos, onde é
que estavam as prioridades. A Sr.ª Ministra da Justiça não considerava nada relevante a apresentação dessas
prioridades. Pergunto-lhe, por um lado, se mudou de opinião nestes 10 anos, ou seja, se retiraria tudo o que
disse em 2005, neste debate que aqui recordámos e, em segundo lugar, o que é que mudou para, quatro anos
passados, ignorando os pedidos instantes do PS, vir agora apresentar esta proposta de lei com o enunciado
das prioridades.
O que é que mudou, Sr.ª Ministra da Justiça?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para efetuar pedidos de esclarecimento, dou a palavra ao Sr. Deputado Jorge Lacão.
O Sr. Jorge Lacão (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra da Justiça, na mesma linha da questão acabada
de colocar pela Sr.ª Deputada Cecília Honório, é dever elementar do Governo contribuir para o regular
funcionamento das instituições. Uma forma óbvia de contribuir para o regular funcionamento das instituições é
dar o exemplo no cumprimento da legalidade.
Nos termos da lei, o Governo deveria ter apresentado ao Parlamento uma proposta de lei de orientação da
política criminal há quatro anos. Durante quatro anos, o Governo foi completamente omisso relativamente ao
cumprimento dos seus deveres perante o Parlamento e perante a ordem jurídica em vigor.
Sr.ª Ministra, é de sua elementar responsabilidade começar por justificar perante todos nós e o País por
que é que, durante quatro anos, se recusaram a cumprir a lei da República.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra, Sr.ª Secretária de Estado, Srs. Deputados, de
facto, a pergunta que se impõe neste início de debate, de certa forma, já foi feita, mas tem de ser enfatizada,