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I SÉRIE — NÚMERO 88

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Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O apelo que faço ao País é à confiança e à prudência.

O apelo à prudência parece-me mais do que justificado. Um País que passou pelo que passou deve ser

prudente, porque as imprudências podem ter uma consequência difícil de digerir, num país que já passou por

muito.

Isto não é medo, Sr. Deputado,…

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — É, é!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … é prudência, é ser prudente. Mas também é ser confiante, porque nós

fomos prudentes durante este tempo, suficientemente prudentes para estarmos hoje em condições de dizer

que, em caso de qualquer pressão externa, de qualquer volatilidade que possa acontecer, nós estamos em

condições de passar por ela sem necessitar de pedir resgates, sem fazer apelos para que os salários ou as

pensões possam ser pagas externamente.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Nós conduzimos a política de prudência de maneira a não expor o País a riscos desnecessários, mas

temos confiança.

Sr. Deputado, hoje, a colocação de bilhetes do tesouro a taxas negativas não pode deixar de ser um

elemento de confiança.

Calculo que os Srs. Deputados do Partido Socialista não gostem que eu faça estas observações. Pensei

que, hoje, o Sr. Deputado também pudesse congratular-se com essa circunstância, mas o Sr. Deputado —

volto a dizê-lo —, provavelmente acha que fazer referência às boas notícias, mesmo quando elas têm um

caráter único e excecional, como aconteceu hoje, não é relevante.

Diz o Sr. Deputado que nós transformámos o apoio social em caridade. Não, Sr. Deputado, anos de

políticas socialistas transformaram muitas pessoas dependentes dos apoios do Estado, demasiado

dependentes dos apoios do Estado! O que é preciso é ensinar a pescar, o que é preciso é colocar as pessoas

em condições de poderem recuperar a sua dignidade e de não estarem à espera da esmola do Estado,

exatamente ao contrário daquilo que o Sr. Deputado diz.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Diz o Sr. Deputado que nós não estamos disponíveis para um debate sério.

O Sr. João Galamba (PS): — Não estão mesmo! Nem sabem fazê-lo!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Não sei se o Sr. Deputado se refere ao Governo. Mas se o Sr. Deputado se

refere ao Governo, tenho a dizer-lhe que o Governo não tem feito outra coisa senão debater e dialogar com as

oposições no Parlamento, e com seriedade da minha parte. E atrevo-me a dizer que me parece que o Sr.

Deputado o faz da mesma maneira.

Os nossos debates são sérios, Sr. Deputado. Podemos não estar de acordo, mas são debates sérios! Não

percebo, portanto, a sua queixa. Nós estamos totalmente disponíveis.

Se o Sr. Deputado se está a referir à utilidade que veria em o Primeiro-Ministro comentar ideias de

economistas do Partido Socialista, projetos de programa do Partido Socialista, isso tenho de fazer com

parcimónia, pois é um processo que ainda está em curso. Mas, sobre isso, Sr. Deputado, já me pronunciei que

chegue.

Olhe, tenho pena que o Partido Socialista não tenha querido que o Parlamento solicitasse à UTAO uma

avaliação técnica do cenário macroeconómico apresentado pelos economistas socialistas.