I SÉRIE — NÚMERO 91
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reserva absoluta da Assembleia da República. Aquilo que nos parece mais significativo é que não é a um mês
do final da Legislatura que o Governo propõe à Assembleia da República uma reforma desta envergadura e
com esta importância.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Ministra da Justiça para responder.
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Filipe, eu vou trabalhar até ao último
dia como trabalhei no primeiro, dentro dos limites constitucionais.
O Sr. António Filipe (PCP): — Mas não nos deixa trabalhar a nós!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — O senhor, se quiser, trabalha!
Eu continuarei e, se eu posso trabalhar no primeiro dia como no último, o senhor também pode…
O Sr. João Oliveira (PCP): — A Sr.ª Ministra devia ter vergonha!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — … e todos os Srs. Deputados podem!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos de Deputados do PCP, batendo com as mãos nos tampos das bancadas.
Os senhores sejam democratas, se faz favor.
Quanto às más práticas e quanto à reserva, os Srs. Deputados juraram cumprir a Constituição, que, pelos
vistos, não conhecem. É só ler o artigo 165.º, n.º 1, alínea p), para ver que esta matéria não é de reserva
exclusiva. Passo a ler: «É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as seguintes
matérias, salvo autorização ao Governo: (…) p) Organização e competência dos tribunais, do Ministério
Público e estatuto dos respetivos magistrados, bem como das entidades não jurisdicionais de composição de
conflitos; (…)».
Portanto, Srs. Deputados, a Constituição é muito clara sobre esta matéria e os senhores juraram cumpri-la.
Quanto à oportunidade ou não, compete, naturalmente, ao Parlamento conceder ou não as autorizações
solicitadas.
Relativamente às questões suscitadas pela Sr.ª Deputada Cecília Honório, direi que os pareceres estão
todos publicados no site da Assembleia.
Quero sossegar o Sr. Deputado António Filipe dizendo-lhe que o Professor Mário Aroso integrou esta
Comissão, assim como a integraram os maiores especialistas.
Portanto, e repito, Srs. Deputados, eu trabalharei no último dia como trabalhei no primeiro, dentro dos
limites constitucionais.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. António Filipe (PCP): — Peço a palavra, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, peço a palavra para fazer uma interpelação à Mesa sobre o
andamento dos trabalhos deste processo legislativo.
A Sr.ª Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.