I SÉRIE — NÚMERO 94
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Para nós o importante não é que o próximo ano seja dedicado a uma campanha, o importante é que seja
introduzido no currículo escolar um conjunto de noções importantes, que sejam reatualizadas ciclicamente na
escola e nos programas acerca da necessidade, não só de bem combinar os alimentos, de bem aferir da
qualidade desses alimentos, mas também de saber dosear recursos que são finitos e que dependem sempre
da mãe natureza e pelas quais deve haver um respeito especial dos cidadãos e dos seres que exercem a
cidadania, ou seja, de seres pensantes que formamos a partir da escolaridade.
Portanto, Sr.as
e Srs. Deputados, gostaria de exprimir o nosso apoio a esta iniciativa e, havendo uma série
de opiniões bastante positivas e quase holísticas por parte da maioria em relação a esta iniciativa do Partido
Ecologista «Os Verdes», vamos ver se vê a luz do dia alguma iniciativa que convirja com este desiderato, com
este propósito.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Inácio.
O Sr. Bruno Inácio (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria de saudar, em primeiro
lugar, o Partido Ecologista «Os Verdes» pelo projeto de resolução que nos traz hoje.
Trata-se de um tema fundamental nos dias de hoje e a nossa capacidade de encontrar soluções para este
problema é fundamental para concretizarmos em conjunto uma marca distintiva da nossa capacidade de
organização, enquanto sociedade solidária.
Dirijo, em primeiro lugar, uma primeira palavra, que ainda não foi dita neste debate e que me parece
extremamente importante e justa, a todas as IPSS (instituições particulares de solidariedade social), ONG
(organizações não-governamentais) e múltiplas organizações que, neste País, do Algarve até ao Minho,
passando pelas regiões autónomas, trabalham de uma forma voluntária e altruísta para combater o
desperdício alimentar. Essas pessoas devem ser enaltecidas por todos nós hoje, nesta Câmara.
Aplausos do PSD, do CDS-PP e de Deputados do PS.
Este projeto de resolução que o Partido Ecologista «Os Verdes» traz hoje vai ao encontro daquelas que
têm sido as políticas do Governo nesta área e, portanto, só temos de o enaltecer.
Centrando o debate na questão do desperdício alimentar, devo dizer que este projeto de resolução
apresenta múltiplos paralelismos com o Plano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, que, como
sabem, foi lançado em outubro, e que pode ser sintetizado no documento Prevenir Desperdício Alimentar —
Um compromisso de todos. Importa sublinhar estes paralelismos, porque é importante para este debate falar
deste Plano Nacional e referir algumas dessas medidas.
Em primeiro lugar, este Plano reconhece a existência deste problema, tal como o refere o projeto de
resolução hoje apresentado, e procura entender as suas causas.
Depois centra, e bem, muita da sua atenção na educação e na sensibilização. É fundamental dar aos mais
novos a informação necessária para que possam desenvolver uma consciência deste problema e que sejam
eles os contribuintes ativos da mudança de mentalidade, que se impõe nesta matéria.
Este Plano trata, e bem, na área da produção, com o estabelecimento de protocolos para a boa gestão da
doação de excedentes da agricultura, nomeadamente com a criação na plataforma do Banco Alimentar de um
banco de excedentes agrícolas; na área da transformação, que também já foi aqui referida hoje, com a
elaboração de códigos de boas práticas que minimizem o desperdício alimentar no sector e promovam uma
gestão sustentável dos recursos; na área da distribuição e comercialização, com o encaminhamento de
produtos excedentes para as IPSS; na área da comunicação, com a elaboração de folhetos de informação e
de sensibilização, a realização de um e-book com dicas e sugestões para o combate ao desperdício alimentar,
a elaboração de conteúdos programáticos para a formação avançada de professores dos 1.º e 2.º ciclos — de
resto, também já foi referida nesta Câmara a importância de dotar os professores de ferramentas para
poderem trabalhar com os mais novos — ou, ainda, ações de iniciativa académica, empresarial e social que
têm sido implementadas, nomeadamente em cantinas escolares e universitárias, de resto com excelentes
resultados.