15 DE JUNHO DE 2015
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vem do leasing e tem como correspondência uma frota que é um ativo e, por isso, não é pura dívida financeira,
como querem fazer parecer.
Aliás, o Governo tem usado bastantes vezes o argumento da Comissão Europeia como uma das
inevitabilidades para não poder manter a TAP em mãos públicas.
É muito interessante ver a forma como o Governo trata a Constituição Portuguesa e a Comissão Europeia.
No caso da Constituição Portuguesa fazem-se as leis, atiram-se para o Tribunal Constitucional e depois vê-se
o que é que dá. No caso da Comissão Europeia nem se tenta perguntar. É esta a hierarquia da autoridade
deste Governo: primeiro a Comissão Europeia e os interesses ideológicos da privatização e depois, cá no
fundo, a Constituição.
Aplausos do BE.
É uma boa comparação para percebermos as prioridades deste Governo.
O Sr. Secretário de Estado não tem como desmentir que esta não foi uma venda apressada. Cinco dias
úteis para analisar uma proposta desta complexidade?! Cinco dias úteis?! Seria caricato se não fosse perigoso
do ponto de vista do interesse nacional.
Aliás, foi o próprio Sr. Secretário de Estado que veio várias vezes a público dizer que tínhamos muita
pressa em privatizar a TAP. Por isso, não venha agora dizer que não foi à pressa, porque, e fez questão de
dizê-lo, era à pressa. Isso — virá a saber-se — poderá ter contribuído para desvalorizar a própria empresa.
O Sr. Deputado Nuno Matias veio aqui falar de frases incendiárias da oposição para, logo a seguir, dizer:
«Mas se a TAP não for privatizada é liquidada, vai à destruição, vai à falência». Isto não são frases
incendiárias?! Isto não é uma política de chantagem e de medo? Ou se privatiza ou desaparece? Isto não são
frases incendiárias?
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Eu não disse isso!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O Sr. Deputado disse a seguir que, com esta privatização, os
portugueses deixam de ter a dívida da TAP «às costas».
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Este é um argumento com seriedade intelectual? É que a TAP nunca
custou 1 cêntimo da dívida aos portugueses. A TAP paga a sua dívida com os seus cash-flows. Aliás, como irá
continuar a acontecer com o privado. Então, qual é o benefício? Gostava que o Sr. Secretário de Estado
explicasse que injeção de capital é esta e que resolução mágica de problemas da TAP é esta, se a dívida
continua a ser paga da mesma forma que foi paga até aqui e, adivinhe-se, até aqui não foi paga com dinheiro
dos contribuintes.
Aliás, gostaria que o Sr. Secretário de Estado pudesse clarificar uma explicação algo confusa que o Sr.
Ministro Pires de Lima deu ontem. Não percebemos bem como é que a dívida irá ser paga, se irá ser
reestruturada, a quem é que irá caber em último caso, tal como o verdadeiro valor do aumento de capital, que
não está claro, como nada neste processo está claro!
Sr. Secretário de Estado, já aqui foi dito, e reiteramos: o problema não está no valor. O problema está em
saber o que vai dizer aos emigrantes quando daqui a 10 anos não houver nenhuma garantia das rotas que
têm. Falavam em décadas de garantias para a TAP. Décadas! Agora — e isso foi dito na conferência de
imprensa —, há uma garantia de 10 anos para as rotas estratégicas.
O que tem a dizer sobre as hipóteses de dispersão em bolsa e total descontrolo dos donos da TAP, no
futuro?
Sr. Secretário de Estado, é uma política de irresponsabilidade e de impunidade, porque daqui a 10, 20 ou
30 anos não estará cá para serem cobradas as responsabilidades por aquilo que está a fazer.
Hoje, fala de investidores portugueses, de manutenção de centros estratégicos, de interesse nacional. E
nós respondemos-lhe: CIMPOR, PT, EDP, REN, Totta, todas as empresas que foram vendidas há 30 ou 40