I SÉRIE — NÚMERO 103
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E não podia deixar de aqui, hoje, perante esta Câmara, tomar posição, solidariamente com todos aqueles e
aquelas que estão em situação precária, contra a falta de verdade e desfaçatez com que o Ministro Mota
Soares veio a público — só posso entender que tenha sido com propósitos eleitoralistas — mascarar a
realidade difícil de milhares de portugueses e portuguesas, pessoas reais que passam por dificuldades.
A verdade é que hoje o desemprego continua com valores superiores ao momento de pedido de ajuda
externa, por mais que o Ministro tente branquear a realidade. A verdade é que mais de 250 000 portugueses
deixaram de ter emprego, tiveram de sair da procura de emprego; são os desencorajados e são mais 76% do
que eram em 2011.
Vozes do PS: — Bem lembrado!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — A verdade é que cerca de 200 000 portugueses emigraram em
permanência nos últimos quatro anos e a verdade é que, somando aos 13% de desempregados os
desencorajados e os emigrantes permanentes, atingimos mais de 20% dos portugueses — 20% é uma em
cada cinco pessoas nesta situação.
E a toda esta crua realidade juntam-se os contratos emprego-inserção, os estágios profissionais, as
formações do IEFP, que envolvem cerca de 161 000 pessoas. Hoje, é fundamentalmente sobre estas medidas
ativas de emprego que os diplomas em discussão se debruçam.
O PS é e sempre foi a favor das medidas ativas de emprego,…
O Sr. João Figueiredo (PSD): — Ah!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — … porque combatem o isolamento e permitem a continuidade de
ligação ao mercado de trabalho, abrindo, em muitos casos, oportunidades. Mas o PS é contra a utilização
destas medidas, dos CEI e dos estágios profissionais, para ocupação de postos de trabalho, como acontece
cada vez mais. O PS é contra a limitação de contratação nas autarquias de trabalhadores para a área-chave,
como a higiene urbana e os jardins, obrigando à procura de soluções que fazem disparar os números de CEI
nas câmaras municipais, para depois a maioria vir atirar estes números à cara da oposição como se não
tivesse qualquer responsabilidade nesta matéria.
O PS defende que a ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) reforce a sua capacidade de ação
contra os falsos recibos verdes e a precariedade.
Risos do PSD.
É urgente, é desejável e é necessário que as medidas ativas de emprego retomem o seu verdadeiro papel
na sociedade portuguesa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Dou agora a palavra ao CDS-PP, para uma intervenção.
Faça favor, Sr. Deputado Artur Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Analisando as propostas do Bloco
de Esquerda e do PCP, independentemente do rótulo e da roupagem que têm, elas têm um denominador
comum: o combate à precariedade ou àquilo que o Bloco de Esquerda e o PCP entendem que é precariedade.
Analisada a intervenção agora acabada de produzir por parte da Sr.ª Deputada do Partido Socialista,
também tem um denominador comum com outras intervenções anteriores. O Partido Socialista, hoje na
oposição, diz que faz e que faria, que quer e que acontecia. No entanto, esteve quase 17 anos seguidos no
Governo e não fez e não aconteceu! Essa é que é uma posição extraordinária.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.