I SÉRIE — NÚMERO 107
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — A proposta de lei refere um dado curioso. É que se o salário mínimo
nacional tivesse sido atualizado de acordo com o valor da inflação, em 2013 o seu valor teria de estar nos 533
€.
A proposta de lei refere, ainda, as vantagens económicas relativamente a um aumento do salário mínimo
nacional, o que partilhamos, mas também acrescentamos o impacto que tem naquilo que é a justiça na
distribuição da riqueza.
Diz, ainda, a proposta de lei que, e cito, «O aumento do salário mínimo nacional representa ainda, e
sobretudo, um imperativo constitucional, como uma responsabilidade do Estado e um direito dos
trabalhadores».
Nessa medida, partilhamos na plenitude aquilo que é a proposta de lei vinda da Região Autónoma dos
Açores e o aumento aqui proposto.
É evidente que o aumento aqui proposto está devidamente contextualizado. A proposta é datada de 2013,
mas esteve aqui, na Assembleia da República, durante muito tempo sem a devida discussão. Porém, na nossa
opinião, ela continua atual porque, não obstante datar de 2013 e de em 2014 ter sido feito um
descongelamento do salário mínimo nacional, a verdade é que o salário mínimo nacional passou, em 2015,
para 505 €, quando deveria ter passado, em 2011, para os 500 € e sofrido a atualização em função da
inflação.
O salário mínimo nacional, de 505 €, em 2015, representa 449 € líquidos para os trabalhadores, o que é
manifestamente insuficiente para o custo de vida que hoje temos no nosso País. Ora, nós queremos aqui
denunciar que se, em 2011, tivesse sido cumprido o acordo e se tivessem sido aplicados os valores da
inflação, com certeza que, hoje, o valor do salário mínimo nacional não seria de 505 €, mas teria, sim, um valor
superior aos 533 € aqui referidos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Por fim, queremos dizer que a não atualização do salário mínimo
nacional, em 2011, levou a que, entre 2011 e 2014, cada um dos trabalhadores que recebe o salário mínimo
nacional tenha perdido 1120 €/ano. Este é o valor da vergonha.
O PCP entende que a valorização dos salários é fundamental e, por isso, propomos que o salário mínimo
nacional passe, em 2016, para 600 €, por uma razão de justiça social e para uma mais justa distribuição da
riqueza no nosso País, o que é fundamental para construir um País mais justo e solidário.
Aplausos do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Artur Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de dizer que esta proposta de lei
da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores tem a virtude de, sendo de 2013, e afirmando aqui
o que afirma, nos permitir fazer aqui um comparativo.
De facto, em 2013, a situação era semelhante à que aqui está descrita. Havia um desemprego maciço, de
18%, enquanto, hoje, o desemprego está em 12,8%, está ao nível do que estava no tempo do Governo do
Partido Socialista, quando o Partido Socialista afundou o País. A população ativa, hoje, relativamente a 2013,
cresceu — aliás, hoje, há cerca de mais 4000 pessoas na população ativa do que havia no tempo do Governo
do Partido Socialista, o que mostra a recuperação, conseguida por este Governo, da economia portuguesa. De
2013 até hoje, criaram-se mais 200 000 postos de trabalho, em Portugal. Portanto, a diferença é também
notória.
Tudo isto reflete aquilo que é o trabalho deste Governo e aquilo que este Governo sempre disse: o estado
em que apanhámos este País era de tal maneira miserável e caótico nas finanças públicas, na economia, na
destruição do tecido empresarial que, nos primeiros dois anos desta Legislatura, iríamos ter de tomar medidas
corretivas, de emenda, de ratificação, para, depois, criar as condições e a base para, na parte final da