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9 DE JULHO DE 2015

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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, lamento, mas não vou entrar no

debate bíblico nem sequer vou falar de 2008, de 2009, de 2010, pois esse Governo já foi a votos e já foi

julgado.

Acho que era bom falarmos do estado da Nação, mas não resisto a começar pelo estado da governação,

até porque hoje aparentemente vale tudo: o emprego desce e o Sr. Primeiro-Ministro congratula-se, porque o

emprego sobe; a dívida sobe — este Governo aumentou a dívida como nenhum outro — e a maioria rejubila,

porque a dívida é uma questão do passado; o INE, ontem, referiu que a balança comercial se agravou e Pires

de Lima veio gabar-se do seu sucesso e agora oiço o Sr. Primeiro-Ministro dizer: «Querem emprestar à Grécia

como ninguém emprestou a Portugal!» Ó Sr. Primeiro-Ministro, não emprestaram, deram! E um Primeiro-

Ministro que, na sua vida ativa, ficou conhecido por formar técnicos de aeródromos que não existiam com

dinheiro europeu e por o amigo Relvas assinar despachos no Governo devia ter mais cuidado antes de lançar

acusações sobre os outros povos.

Aplausos do BE.

Protestos do PSD e do CDS-PP, batendo com as mãos nos tampos das bancadas.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Isso é desespero da sua parte, Sr.ª Deputada!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, este é o debate da Nação e eu quero começar por

Portugal, e já iremos à Europa.

Portugal perdeu 300 000 postos de trabalho desde que o seu Governo tomou posse e é hoje o País com a

maior taxa de emigração da União Europeia; o produto interno bruto caiu 11 000 milhões de euros; o nível de

vida dos cidadãos recuou 25 anos; a dívida pública subiu mais de 50 000 milhões de euros;…

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Na Grécia é que se está bem, não é?!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … o País tem mais de 700 000 pessoas desempregadas sem qualquer

apoio; mais de 2 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza, e este número não para de crescer; este

é o País das urgências em rutura, do início caótico do ano letivo e dos tribunais paralisados.

Temos de falar deste País! Bem pode o Governo estar em estado de negação e querer fazer só o discurso

da propaganda, mas, hoje, vamos falar do estado da Nação.

Ouvi, ontem, o Sr. Primeiro-Ministro anunciar que iria travar uma guerra sem quartel às desigualdades,

mas, Sr. Primeiro-Ministro, não sei se deu por isso mas aviso que a sua Ministra das Finanças está a preparar

um corte nas pensões de 600 milhões de euros…

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Não é verdade!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … e que o seu Ministro da Segurança Social andou a cortar no RSI para

pagar, em dobro, às cantinas sociais.… Se isto é travar guerra às desigualdades, estamos conversados!

Protestos do PSD.

O próprio Sr. Primeiro-Ministro lamentou, recentemente, que a reforma que não fez foi ter descido ainda

mais os custos de trabalho num país onde os custos do trabalho já são metade dos da vizinha Espanha.

Mas, Sr. Primeiro-Ministro, no dia em que fazemos este debate talvez nada marque tanto o estado da

Nação do que ter tornado Portugal no país das compras low cost…

O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Compras low cost?! É ridículo!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … e dos negócios milionários para a finança internacional. As

privatizações que o Tribunal de Contas já denunciou como lesivas do interesse público, com o exemplo da