I SÉRIE — NÚMERO 108
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O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Outra palavra que referi que caracteriza a política de ambiente
deste Governo é autoritarismo, que foi o que se deu com a reforma do setor da água, numa lógica
completamente contrária às autarquias e aos interesses das populações e preparando um caminho nítido para
a privatização da água. Se isso não fosse intenção do Governo e da maioria, teriam aprovado a proposta que
Os Verdes fizeram no sentido de integrar na lei-quadro da água o princípio da não privatização do setor da
água. Negaram-no porque têm essa perspetiva para o futuro.
Mais: a Lei de Bases do Ambiente foi aprovada de uma forma absolutamente autoritária na Assembleia da
República. E que pena não se terem lembrado do processo que aqui decorreu em 1986/87, em que houve
uma grande maioria de apoio à então Lei de Bases do Ambiente!… Agora, fizeram um processo
completamente inverso: votaram sozinhos.
Outra palavra que caracteriza esta política de ambiente é o desinvestimento, fundamentalmente na
conservação da natureza. Quando falamos da conservação da natureza e da biodiversidade, falamos de
questões muito sérias: falamos de suporte de vida, falamos de serviços que nos são prestados gratuitamente e
os quais devemos preservar, falamos de preservação de ecossistemas, falamos de preservação de espécies,
falamos de preservação de genes. Portanto, falamos de uma dimensão global da vida.
Este Governo, pura e simplesmente, virou costas à conservação da natureza, desinvestindo brutalmente
nos organismos que têm esta responsabilidade, e também virou costas à questão da vigilância da natureza,
designadamente ao nível de meios humanos e técnicos.
Este Ministério do Ambiente não teve força para a transversalidade necessária que se impõe à política de
ambiente. Nesta Legislatura, quando confrontado com a importância que o setor dos transportes tem para o
ambiente e, designadamente, sobre o combate às alterações climáticas, ouvi o Sr. Ministro do Ambiente dizer:
«Eu não sou Ministro dos Transportes!». Não é, de facto, mas não teve capacidade para influenciar em coisas
que são fundamentais. Se houvesse dúvidas para tanto, bastaria olhar para a designada «reforma de
fiscalidade ambiental», que não tocou rigorosamente em nenhuma questão que é fundamental nesta área,
como é o caso da matéria dos transportes.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino, Sr.ª Presidente.
Bem, transversalidade conseguiu a Sr.ª Ministra das Finanças — justiça lhe seja feita! —, mas com muito
má consequência para o povo português. É que a fiscalidade ambiental foi feita e laborada única e
exclusivamente porque o Governo precisava de 150 milhões de euros. É uma vergonha e uma frustração, Sr.
Ministro do Ambiente!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, uma vez que ainda dispõe de tempo, tem a palavra o Sr.
Deputado João Galamba.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Ah!…
O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro: Insulto não é
dizer a alguém que é mentiroso quando mente. O maior insulto é mentir, e é isso que o Sr. Primeiro-Ministro
faz de forma reiterada.
Aplausos do PS.
Começou a fazê-lo em 2011, fê-lo em 2012, fê-lo em 2013, fê-lo em 2014 e fê-lo, provavelmente, todas as
vezes que se sentou nesta Assembleia.