17 DE SETEMBRO DE 2016
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Aplausos do BE e da Deputada do PS Gabriela Canavilhas.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Gabriela
Canavilhas.
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Muito rapidamente, não vou manifestar
surpresa, porque outra coisa não seria de esperar, pelo facto de o PSD ter conseguido usar 3 minutos sem falar
em cultura. Falou exclusivamente dos seus desassombros políticos e não conseguiu falar de cultura. Sabe
porquê, Sr.ª Deputada Sara Madruga da Costa? Porque, no Governo que liderou, conseguiu exportar,
ilegalmente, e com o beneplácito do seu Governo, uma obra de Crivelli, que pôs fora do País, e conseguiu
exportar, contra a lei e com o beneplácito do Ministério das Finanças, 85 obras de Miró. Foi isso que fez o seu
Governo, segundo as regras que defende para a cultura.
Aplausos do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Relativamente à falta de prioridade que a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro
aqui referiu, prioridade à cultura é, de facto, encontrar exceções culturais, exceções regulamentares e identificá-
la como área prioritária. É isso que estamos a fazer: excecionar a cultura, dotando-a de regras diferenciadas
daquelas que são aplicadas a outras áreas. Isto é, de facto, identificar a cultura como uma área prioritária deste
Governo.
Lembro, ainda, a Sr.ª Deputada do PCP que, apesar das restrições, nomeadamente de recursos humanos,
este Ministro da Cultura, nos poucos meses em que está em funções, já conseguiu contratar 111 seguranças
para os museus. Apesar de tudo, é um esforço que mostra que a cultura, para este Governo, não é um adorno,
como foi para os Governos da direita.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, chegámos ao fim do debate, na generalidade, do projeto
de lei n.º 253/XIII (1.ª).
Vamos passar ao ponto seguinte da nossa ordem do dia, o da apreciação conjunta, na generalidade, dos
projetos de lei n.os 162/XIII (1.ª) — Procede à terceira alteração à Lei dos Baldios, aprovada pela Lei n.º 68/93,
de 4 de setembro, assegurando a sua fruição às comunidades locais que, historicamente, e segundo os usos e
costumes, a ela têm direito (BE), 282/XIII (1.ª) — Estabelece as bases de organização, gestão e funcionamento
dos baldios (PS), 276/XIII (1.ª) — Revoga a Lei n.º 68/93, de 4 de setembro, devolvendo os baldios aos povos
(PCP) e 295/XIII (1.ª) — Procede à revogação da Lei dos Baldios, Lei n.º 68/93, de 4 de setembro (Os Verdes).
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Carlos Matias, para apresentar a sua iniciativa.
O Sr. Carlos Matias (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os baldios são terrenos de gestão e
uso comunitários, com estatuto constitucional próprio, compondo uma realidade multissecular de espaços
tradicionalmente fruídos por comunidades locais, que deles retiram as suas utilidades.
Com esta iniciativa legislativa, o Bloco de Esquerda visa a sua defesa e a clarificação legislativa de aspetos
em que a vida o vem a exigir.
Aproveito, aliás, e desde já, para saudar iniciativas legislativas que vêm no mesmo sentido, aqui
apresentadas por PCP, PS e Partido Ecologista «Os Verdes». Daqui e de todas sairá, com certeza, uma
deliberação que reverterá as infelizes decisões da anterior maioria e devolverá, em pleno, os baldios às
populações.
Ao longo dos séculos, os baldios sempre foram objeto de cobiça dos mais poderosos, sendo muitos os
episódios de apropriação, consumada ou não, destes bens de propriedade comunitária. Todos estes episódios
enfrentaram a contestação popular, originando revoltas, algumas das quais bem próximas, no período do
fascismo, e tão bem relatadas por Aquilino Ribeiro.