I SÉRIE — NÚMERO 2
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A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — … ou, por exemplo, a subida do imposto de selo, ou o
agravamento brutal dos impostos especiais sobre o consumo. Todos estes aumentos acontecem num tempo
novo, em que supostamente tínhamos virado a página da austeridade. Pois bem, Srs. Deputados, a única página
que viraram foi a da credibilidade, a da confiança e a do crescimento.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Consta, porém, que não iremos ficar por aqui; como não sabem
o que é que hão de inventar entretanto, hão de inventar, e já se fala, um novo imposto para o próximo ano.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Outra vez?!
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Novos impostos, imagine-se! Os partidos que antes acusavam
a anterior maioria de saque fiscal são agora os mesmos partidos que aumentam impostos, que criam novos
impostos ao abrigo de uma suposta justiça fiscal.
Ficaremos a aguardar serenamente pelos novos aumentos, pelos novos impostos, certos e com a convicção
de que isto é o resultado do falhanço das políticas do Governo.
Aplausos do PSD.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Esta dos impostos está a custar-vos ouvir!
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, a Mesa está expectante em relação a novas inscrições.
Creio que, feita esta advertência, poderemos passar ao ponto seguinte da nossa ordem de trabalhos…
Pausa.
Fui informado pelo Sr. Secretário de que se inscreveu agora a Sr.ª Deputada Ana Mesquita. Convém que os
Srs. Deputados se inscrevam em momento oportuno.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A iniciativa que debatemos
presentemente visa promover o enriquecimento das coleções e acervos dos museus integrados na Rede
Portuguesa de Museus, reconhecendo a necessidade de valorização desta Rede tão diversa e multifacetada.
O PCP acompanha esta preocupação e a necessidade de valorização da Rede Portuguesa de Museus, tendo
em conta o seu importante papel na vida cultural do nosso País e também como salvaguarda da identidade e
da soberania nacional.
No entanto, qualquer iniciativa neste capítulo não pode esquecer a realidade de fundo que também é preciso
trazer a debate. A verdade é que há um problema maior para o qual urge encontrar soluções e que se prende
com o facto de a maioria dos museus portugueses corresponder a instituições sucessivamente depauperadas,
sem recursos para renovar exposições ou para reforçar o seu corpo técnico, muitas vezes não conseguindo
sequer promover campanhas de divulgação e promoção destas instituições. E a situação só não é pior porque
os museus portugueses contam com trabalhadores muitíssimo empenhados, que «vestem a camisola» do
serviço público que prestam às populações e ao progresso científico do País.
É preciso repensar o processo de centralismo administrativo que foi ocorrendo ao longo dos anos, no que
concerne aos museus, mas também e sobremaneira a diminuição de recursos orçamentais que afetou estas
instituições de tal ordem que a esmagadora maioria se vê limitada à satisfação de necessidades básicas
permanentes e a braços com uma enorme incapacidade para programação, quanto mais para pensar em
aquisições e valorização das coleções e acervo.