I SÉRIE — NÚMERO 1
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O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … quando apresentou o relatório sobre a situação portuguesa e
condicionantes para o médio prazo, em Portugal?
Vou só citar uma passagem desse relatório, porque acho que vale a pena. Diz-se nele o seguinte: «O cenário
de políticas invariantes apresentado neste relatório…» — que é, como quem diz, se tudo continuar como até
aqui — «… documenta a necessidade de reformas, tanto no plano macro como microeconómico. A manutenção
das políticas em vigor permite, na melhor das hipóteses, manter défices orçamentais perto dos 3% do PIB, sem
margem de segurança suficiente para garantir sequer esse resultado face a qualquer evolução adversa». E,
evidentemente, projeta um resultado medíocre para o desendividamento do País.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
Sr. Primeiro-Ministro, onde é que estão as reformas que nos permitirão, então, crescer, como o senhor
prometeu que iríamos crescer? É que não estamos a crescer.
E onde é que estão as reformas que, juntamente com o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português
e o Partido Ecologista «Os Verdes», o Partido Socialista e o Governo vão fazer e que podem permitir aos
portugueses pensar que a austeridade, de facto, já lá vai, como o Governo diz, que o período de emergência já
lá vai, e que agora é preciso investir no crescimento e também no investimento público, é preciso sustentar
melhor o crescimento e a recuperação não apenas da economia mas também dos rendimentos que permitem à
economia remunerar melhor os trabalhadores, as famílias, o próprio Estado e as empresas?
Onde é que estão essas medidas, Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, de facto, acho que é meu
dever motivar a minha equipa. E a minha equipa são os portugueses, é Portugal. E nós precisamos de motivação
em Portugal.
Aplausos do PS.
O País precisa de recuperar de quatro anos de desmotivação que o senhor incutiu no País. Precisamos, de
facto, de um País motivado e que acredite no futuro.
Aplausos do PS.
Nós conhecemos bem a realidade da sua política de rendimentos. Ainda agora, a Fundação Francisco
Manuel dos Santos publicou o estudo Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal, depois de quatro
anos da sua governação.
Vozes do CDS-PP: — Desde 2009!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Dou-lhe só dois pequenos indicadores: mais 116 000 portugueses em situação
de pobreza e um quarto das crianças em Portugal abaixo do limiar de pobreza. Este é o resultado da sua política
de rendimentos.
Aplausos do PS e do BE.
Protestos do PSD.
Mas agradeço a sua pergunta, porque me dá a oportunidade de desmontar três mitos que tem vindo a animar
sobre a nossa situação económica.