8 DE OUTUBRO DE 2016
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Só a clara perceção e avaliação das incapacidades, dificuldades e necessidades dos cidadãos nos mais
diversos níveis e das múltiplas barreiras comportamentais e ambientais, que impedem a sua integração e a sua
participação plena e efetiva na sociedade em condições de igualdade, permitirão desenhar estratégias de
intervenção eficazes de combate à discriminação, ao isolamento, à exclusão e à pobreza a que muitos cidadãos
com deficiência são expostos.
É fundamental que se coloquem à disposição dos cidadãos os recursos indispensáveis ao pleno
desenvolvimento das suas capacidades e potencialidades e ao pleno gozo de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais, capacitando-os para a tomada de decisão, para a participação ativa nas esferas civil,
política, económica, social e cultural e para a realização plena.
A educação constitui, a este nível, um pilar fundamental dado o seu potencial emancipador.
É por isso com preocupação que constatamos que subsistem sinais e alertas de falta de recursos
indispensáveis a um adequado apoio aos alunos com necessidades educativas especiais: falta de professores
de educação especial, técnicos, terapeutas, psicólogos e assistentes operacionais em muitas escolas,
agrupamentos e unidades de apoio à multideficiência; sobrelotação das turmas e incumprimento dos requisitos
legais; carências ao nível da intervenção precoce; atrasos nos pagamentos às entidades que prestam apoios na
área da deficiência; falta de equipas multidisciplinares, entre outros aspetos.
É importante que o Governo explicite aqui, hoje, quais as medidas concretas a implementar no curto prazo
para resolver estes problemas que ameaçam o princípio da escola democrática e inclusiva orientada para o
sucesso de todos os alunos, capaz de responder à diversidade de características e necessidades de cada
cidadão, problemas que poderão acarretar graves repercussões pessoais e sociais, como o abandono escolar
precoce, a discriminação e exclusão, o isolamento e a falta de realização individual.
Cabe ao Governo garantir as medidas políticas que resolvam estes constrangimentos e as iniquidades
subsequentes.
O Parlamento não pode demitir-se do seu papel fiscalizador, exigindo que as políticas públicas respeitem os
princípios constitucionalmente consagrados e inscritos nas convenções e tratados aprovados e ratificados,
nomeadamente o princípio da igualdade, que é também igualdade de oportunidades no acesso à
educação/formação, emprego, saúde, justiça e aos apoios sociais. Enfim, oportunidades de realização plena de
cada cidadão e de felicidade.
O Partido Social Democrata não se demite das suas responsabilidades, não se resigna e reitera aqui a sua
disponibilidade e empenho para, num paradigma de cooperação interinstitucional e juntamente com os agentes
políticos, os deficientes e as suas associações representativas e demais instituições da sociedade civil, continuar
a construir caminhos de justiça, de igualdade e de inclusão.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Ainda para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Muito rapidamente, gostaria de dizer que, ao ouvir este debate, senti necessidade de fazer esta última
intervenção no sentido de que, tal como cada grupo parlamentar responderá por si, senti necessidade de
responder por Os Verdes.
Um debate é um debate, e é muito interessante que ele se faça. Foi muito importante que se tivesse
promovido este debate — aliás, já saudámos o Bloco de Esquerda pelo seu agendamento —, porque a
construção das ideias, as críticas, a propositura de soluções advêm disso mesmo, advêm do debate que se faz
não apenas, evidentemente, no Parlamento mas, fundamentalmente, com a sociedade, com as associações,
com todos aqueles que querem construir um caminho para as soluções, e nós temos de estar disponíveis para
isso.
Há uma coisa que temos a obrigação de saber fazer: ouvir as dificuldades com que as pessoas com
deficiência se confrontam para que as soluções sejam adequadas e eficazes para os objetivos que se querem
encontrar.