I SÉRIE — NÚMERO 16
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governamental quer de vários executivos municipais. Esta é uma realidade que não se modifica por uma
alteração legal e daí também a dificuldade que temos em cima da mesa.
Da parte do Bloco de Esquerda, temos toda a abertura para, na especialidade, dar o nosso contributo e
chegar a uma proposta final sobre este dossier que se adeque ao momento que vivemos e que responda ao
atraso sofrido nesta matéria no País.
Porém — insisto neste ponto —, mais do que alterar a lei, temos de mudar muitos comportamentos dos
privados mas, também, dos agentes públicos, Governo e câmaras municipais, para que, de facto, a lei possa ter
algum tipo de cumprimento.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, gostaria de responder ao Sr. Deputado Domingos
Pereira e, também, ao Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
Quando o Sr. Deputado Domingos Pereira disse que, em 2014, o Governo anterior teve a intenção de fazer
um projeto de lei sobre o cadastro, tendo estado dois anos para o implementar, certamente, não ouviu a minha
intervenção. É que eu disse que o Governo anterior tinha encetado um conjunto amplo de reformas em matéria
de ordenamento do território, com vários regimes jurídicos de restruturação fundiária, de arborização e
rearborização.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Portanto, de 2014 até ao final de 2015, houve um amplo processo
legislativo…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — E depois houve um «golpe de Estado»!…
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Exatamente, depois houve um «golpe de Estado» e não foi possível
publicar este projeto de lei.
O PS refere que o projeto de lei traduz uma visão descentralizadora. Mas, mais uma vez, o Sr. Deputado não
ouviu a minha intervenção, porque o nosso projeto de lei pretende absorver e reunir informação não apenas da
administração central, mas também da administração local.
Quanto à oportunidade, Sr. Deputado, de facto, questiono se a existência ou a falta dela se deve à
oportunidade que este Governo tinha quando previu reunir, durante o mês de outubro, um Conselho de Ministros
— que ainda vem a tempo, porque para a semana ainda é outubro…— sobre a reforma do setor florestal.
Inclusivamente, o Sr. Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, ainda não há muito
tempo, em outubro, numa entrevista que deu a um órgão de comunicação social, referiu, relativamente ao
cadastro rústico, que tinha sido constituído um grupo de trabalho para tratar desta matéria, abordando o
conhecimento da propriedade rústica de uma forma mais fácil e mais amigável, tanto em termos de tempo como
do ponto de vista financeiro. Dizia ainda o Sr. Secretário de Estado que o trabalho iria ser acelerado. Ora, se em
setembro o trabalho iria ser acelerado, parece-me que esta nossa iniciativa não padecerá de falta de
oportunidade política, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Por fim, acusam o Governo anterior, do PSD e do CDS, de ter estado
dois anos sem apresentar nada. Pergunto, Srs. Deputados, o que dirão quando, em fevereiro de 2006, foi
apresentado, pelo Ministro Nunes Correia, do Governo PS, o regime experimental do SINERGIC, tendo o Sr.
Ministro dito, num debate, neste Parlamento, o seguinte: «Contamos lançar as bases deste sistema, tirando
partido, naturalmente, das melhores tecnologias de informação que estão disponíveis neste momento, de forma