I SÉRIE — NÚMERO 16
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condições para garantir a todos, independentemente das suas origens, características, condições económicas
ou sociais, o devido acesso, em condições de igualdade, a todos os graus de ensino.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Nos ensinos básico e secundário são muitos os casos de escassez, e mesmo
ausência, de docentes de educação especial, de professores e de técnicos de língua gestual, de psicólogos, de
assistentes operacionais, de terapeutas da fala, entre outros profissionais, que têm um papel fundamental no
acompanhamento e na garantia da inclusão das crianças e dos jovens com necessidades especiais.
Entendemos que importa concretizar medidas que garantam a efetiva e plena inclusão das crianças e dos
jovens com necessidades especiais em todo o ensino obrigatório, em todos os momentos de aprendizagem e
em todos os momentos do seu desenvolvimento, e também assegurar o acesso e frequência ao ensino superior
dos alunos com necessidades educativas especiais e dos alunos com deficiência.
No que se refere ao ensino superior público, importantes passos tardam em ser dados na garantia da inclusão
efetiva destes jovens. Independentemente dos instrumentos de autonomia de cada instituição, consideramos
que é fundamental garantir os necessários meios que permitam concretizar as condições materiais e humanas
necessárias para que seja assegurada a igualdade de oportunidades aos jovens com necessidades especiais.
Importa intervir para ultrapassar os obstáculos arquitetónicos que significam muitos dos edifícios do ensino
superior público, fazendo as necessárias adaptações tanto dos edifícios como dos equipamentos.
Importa assegurar a existência dos necessários apoios técnicos e de materiais pedagógicos adequados às
necessidades específicas de cada jovem com necessidades especiais.
Importa contratar os necessários meios humanos para o devido acompanhamento dos estudantes com
necessidades especiais, o que passa por docentes, funcionários e outros profissionais, mas também pela
existência de equipas multidisciplinares que acompanhem a realidade e as necessidades destes jovens.
Importa também conciliar a escola pública portuguesa com os preceitos constitucionais, com a Lei de Bases
do Sistema Educativo, com a lei antidiscriminação, com normas e orientações internacionais e com o princípio
da igualdade de oportunidades, numa escola para todos e com uma resposta educativa de qualidade para todos.
O direito à educação é um direito humano fundamental, devendo ser garantido a todos em igualdade de
oportunidades e respondendo às necessidades educativas de todos e de cada um, de modo a que todos os
alunos obtenham em todos os graus de ensino, designadamente no ensino superior, os grandes benefícios que
uma educação inclusiva pode potenciar.
Com a iniciativa legislativa que o PCP apresenta, pretendemos que se conheçam melhor as dificuldades
sentidas pelos jovens com necessidades educativas especiais e/ou deficiência no acesso ao ensino superior,
bem como na sua frequência e que sejam tomadas as medidas que garantam a estes jovens o cumprimento do
seu direito à educação.
Os princípios que estão vertidos num conjunto de instrumentos internacionais e em legislação nacional, bem
como na Lei de Bases do Sistema Educativo e na Constituição da República não têm tido a necessária tradução
concreta na vida de todos os dias das crianças e dos jovens com necessidades educativas especiais e com
deficiência, designadamente no que se refere ao direito à educação.
O PCP cá está a contribuir, com esta iniciativa, para que se encontrem soluções e para que sejam dados os
passos necessários.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução do PSD, tem a palavra a Sr.ª Deputada Nilza
Sena.
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O tema da inclusão de alunos com
necessidades educativas especiais no ensino regular é garante de democraticidade madura e de oportunidades
educativas.
Portugal está comprometido com essa responsabilidade desde a Declaração de Salamanca, saída da
Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, organizada também pelas Nações Unidas, em