I SÉRIE — NÚMERO 20
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O Sr. Presidente: — Sr. Ministro, inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, seis Srs. Deputados, aos
quais o Sr. Ministro responderá, em conjunto, primeiro, a um grupo de três Srs. Deputados, e depois, a um outro
grupo de três Srs. Deputados.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, o Sr. Ministro,
na sua intervenção, já deu conta da perspetiva do Governo e desta proposta de Orçamento do Estado quanto
aos recursos considerados para o investimento em 2017. E como o Sr. Ministro muito bem sabe, e muitas vezes
o temos afirmado, a matéria do investimento é para o PCP uma questão absolutamente central e estratégica,
uma urgência nacional que tem de ser atendida, em particular, no tocante ao investimento público.
Estamos a falar de investimento produtivo e de qualidade, de investimento real e concreto, e não de
pagamentos e transferências para as PPP (parcerias público-privadas), de negócios ruinosos, e que ficaram
ainda mais ruinosos pela mão do Governo anterior com as famigeradas renegociações.
Protestos do PSD.
Nesta Legislatura, já tivemos oportunidade de verificar as consequências e implicações desse processo de
renegociação e daquilo que teria ido por diante nesse Ministério e nessa matéria das PPP, se não tivesse sido
interrompida e travada a política e a estratégia que vinha do Governo PSD/CDS.
Mas quando falamos de aspetos limitados e insuficientes num Orçamento do Estado que deveria ir mais
longe no reforço do investimento, na modernização de infraestruturas, na resposta aos problemas e à
degradação, que se acentuou de uma forma escandalosa, na governação PSD/CDS-PP, com destaque para a
rede ferroviária nacional e para a rede viária, é precisamente destas questões que estamos a falar.
Importa também destacar neste debate a questão fundamental do reforço de meios humanos nas empresas
e nos serviços públicos em matérias que são diretamente acompanhadas pela tutela do Sr. Ministro. Falamos,
designadamente, da contratação de pessoal que é urgente para responder às necessidades, nomeadamente,
dos utentes dos transportes que sentem na pele todos os dias os problemas que resultam das insuficiências
deixadas deliberadamente pelo Governo anterior, que bloqueou a contratação de pessoal e, inclusivamente,
forçou, também neste setor, muitos trabalhadores e muitos técnicos, que hoje fazem falta nestas empresas, a
emigrar.
Ora, a questão que se coloca é também a da contratação de pessoal, mas com vínculos efetivos,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … com direitos e condições de trabalho, com a contratação coletiva respeitada
e aplicada nas suas empresas.
Por isso, não estamos a falar de uma discussão abstrata ou genérica da precariedade e da sua avaliação.
Estamos a falar de medidas que podem ser concretizadas, que podem passar à prática e resolver os problemas.
Basta o Governo dar orientações às empresas em causa para que os problemas não sejam mantidos ou
agravados, como se tem verificado muitas vezes.
Damos o exemplo, desde logo, do que está a acontecer na EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento
Ferroviário), que é uma empresa de manutenção do setor ferroviário, onde trabalhadores com vínculos precários
são mandados para o desemprego, enquanto se recorre a empresas de trabalho temporário, ou, por outra via,
na Infraestruturas de Portugal, onde se equaciona a substituição de trabalho temporário por empresas
prestadoras de serviços.
Ora, isto significa que há uma opção concreta em relação às empresas e aos serviços públicos em que o
Governo pode e deve dar um sinal de uma orientação política nessa matéria.
O mesmo se diga em relação à contratação coletiva, aspeto central nesta questão, que o Orçamento do
Estado, como sabemos, coloca de uma forma que, para nós, não é a suficiente, não é a adequada, razão pela
qual não podemos deixar de assinalá-lo.
Uma questão que também não podemos deixar de colocar nesta matéria — e já ontem a referimos — tem a
ver com o domínio dos grupos económicos em relação aos setores estratégicos. Designadamente em relação à