I SÉRIE — NÚMERO 20
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Licenciado em Ciências Políticas pela Universidade de Lovaina, regressou a Portugal, a seguir ao 25 de Abril,
para acompanhar Mário Soares como seu adjunto no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Foi um dos
responsáveis pelas Relações Internacionais do Partido Socialista e organizou as missões de Mário Soares e da
Internacional Socialista à América Latina, onde a vitória democrática na transição portuguesa se revelou um
catalisador essencial da vaga de democratização.
Diretor do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1976, presidiu
à Comissão Portuguesa do Atlântico e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Entre 1983 e 1985, foi o Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro Mário Soares no Governo de coligação entre
o PS e o PSD, e teve uma intervenção decisiva na criação da Fundação Luso-Americana para o
Desenvolvimento, onde exerceu funções como administrador durante sucessivos mandatos.
Mais tarde, dirigiu projetos de investigação no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade
Nova de Lisboa e é autor, com Tiago Moreira de Sá, do livro Carlucci vs Kissinger — Os Estados Unidos e a
Revolução Portuguesa.
Antes e depois do 25 de Abril, Bernardino Gomes empenhou-se decisivamente na luta pela liberdade e pela
democracia em Portugal e merece o reconhecimento desta Assembleia da República como um dos obreiros da
democracia portuguesa.
Assim, a Assembleia da República, reunida em plenário em 4 de novembro de 2016, apresenta as suas
sentidas condolências à família e amigos de Bernardino Gomes, prestando homenagem à sua memória e
trabalho em prol da democracia».
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Queria também, em nome da Mesa, enviar as condolências à família, que está, aliás, presente nas galerias,
e aos autores do voto.
Srs. Deputados, na sequência dos votos que acabámos de aprovar, vamos guardar 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Passamos à votação do voto n.º 149/XIII (2.ª) — De condenação pela violação dos direitos das crianças no
campo de refugiados de Calais (BE).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
É o seguinte:
O campo de refugiados de Calais foi, ao longo dos últimos meses, uma das expressões mais cruéis da
ausência de uma política europeia adequada para dar resposta aos milhares de pessoas que buscam proteção
internacional no nosso continente. A designação dada ao campo — ‘a Selva’ — mostra bem as condições em
que muitos milhares de pessoas ali têm vivido.
Por força do desentendimento persistente entre vários países europeus a respeito do acolhimento dessas
pessoas, Calais foi-se tornando num lugar de inferno.
As autoridades francesas decidiram desmantelar o campo e, segundo dados do Governo de Paris, cerca de
5600 pessoas foram levadas, desde a segunda-feira da semana passada, para outros centros de acolhimento
de refugiados e requerentes de proteção, incluindo 1500 crianças não acompanhadas.
Tal como ocorria com a vida quotidiana no campo, esta reinstalação merece as mais vivas preocupações de
todos quantos assumem a proteção dos direitos humanos como prioridade. A reinstalação de muitas pessoas
tem prescindido das condições mínimas de dignidade e, segundo relatos de organizações não-governamentais
no terreno, as crianças não acompanhadas estão a ser as principais vítimas de violações graves de direitos
humanos nesta circunstância. Advertem esses relatos que 1500 crianças não acompanhadas foram alojadas
num contentor já completamente lotado e sem as condições mínimas de habitabilidade e que 100 outras foram