5 DE NOVEMBRO DE 2016
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simplesmente deixadas para trás, ficando sem abrigo e sem colchões para dormir durante a operação de
desativação do campo. Apesar de já terem sido realojadas estas crianças, a situação não pode passar sem
repúdio.
A responsabilidade por estes atos de violação dos direitos humanos tem de ser atribuída, em primeira linha,
a quem, descurando as exigências de respeito por pessoas tão fragilizadas — em especial as crianças não
acompanhadas —, insiste em jogos de pressão diplomática sem fim à vista que, na prática, são verdadeiros
muros que se erguem contra o reconhecimento da dignidade de milhares de seres humanos.
Convicta de que é a própria responsabilidade da Europa que se afirma em cada uma das crianças não
acompanhadas e submetidas a condições de absoluta indignidade nesta terrível circunstância, a Assembleia da
República, reunida em Plenário, condena todas as violações da dignidade humana perpetradas no campo de
refugiados de Calais e pugna pela sua desativação, exprimindo a sua profunda solidariedade com as vítimas
indefesas de mais esta expressão de falta de uma resposta europeia de acolhimento e de respeito pelos direitos
humanos.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, permite-me o uso da palavra?
O Sr. Presidente: — Pede a palavra para que efeito, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, é apenas para informar que, relativamente à votação do voto n.º
149/XIII (2.ª), o Grupo Parlamentar do PCP irá apresentar uma declaração de voto.
O Sr. Presidente: — Fica registado, Sr.ª Deputada.
Vamos, agora, votar o voto n.º 150/XIII (2.ª) — De repúdio pelas declarações de Wolfgang Schäuble sobre
Portugal (BE e PS).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD, do CDS-PP e do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
É o seguinte:
Ontem, dia 26 de outubro, numa conferência de imprensa em Bucareste, na Roménia, o Ministro das
Finanças do Governo alemão, Wolfgang Schäuble, decidiu tecer considerações sobre Portugal e as opções
democráticas do País e do seu Governo. Afirmou que Portugal estava a ser ‘muito bem-sucedido até ao novo
Governo’ e criticou as opções políticas do País, caracterizando-as como ‘um grande risco’.
Esta não é a primeira vez que Schäuble se refere de forma crítica às opções políticas do Parlamento e do
Governo português. Em junho deste ano, declarou mesmo que Portugal teria pedido um novo programa de
resgate, afirmações que acabou por desmentir e que o Presidente da República portuguesa caracterizou como
‘especulações’ e ‘pressões’.
As declarações de Wolfgang Schäuble são graves por, potencialmente, afetarem negativamente as relações
europeias e internacionais do nosso País, facto que o Ministro das Finanças alemão certamente não ignora. São
também incompreensíveis no quadro das relações entre governos de igual legitimidade democrática, igualmente
obrigados ao mútuo respeito institucional e diplomático.
Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário, expressa o seu repúdio pelas declarações ofensivas
para Portugal, proferidas pelo Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.
O Sr. Presidente: — Passamos à votação do voto n.º 151/XIII (2.ª) — De condenação das declarações do
Ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble (PSD e PS).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, do CDS-PP e do PAN e abstenções
do BE, do PCP, de Os Verdes e do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
É o seguinte: