16 DE DEZEMBRO DE 2016
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Também queria referir que as pessoas, durante o período de valorização, não estão a trabalhar porque estão
em formação profissional. Os três meses — tempo curto — são precisamente para isso, para formação
profissional.
Garanto — e vou novamente ao encontro do que disse a Sr.ª Deputada Carla Barros — que os três meses
serão aplicados para formação profissional e depois haverá a integração do trabalhador. Garanto! O regime está
desenhado em função disso.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª JoanaMortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do Emprego
Público, Sr.as e Srs. Deputados: Cavaco Silva, quando se questionava sobre o que fazer aos funcionários
públicos, uma vez que mandá-los para a reforma não servia porque deixariam de descontar para a Caixa Geral
de Aposentações e isso faria o Estado perder receitas de IRS, acabou por concluir que só restaria esperar que
morressem.
Desde esse tempo que a direita se pergunta o que fazer aos funcionários públicos, como os atacar e, verdade
seja dita, como atacar os serviços públicos que esses funcionários garantem. E tentaram de tudo: cortes salariais
— e diminuíram em 30% o ganho médio por hora dos funcionários públicos durante o seu Governo —; cortes
nos subsídios de Natal e de férias; despediram quem puderam despedir e sempre que puderam despedir;
aumentaram os impostos, aumentaram as contribuições, aumentaram o horário de trabalho…
No entanto, esbarraram umas quantas vezes na Constituição à custa deste ataque, mas nem assim
desistiram de tentar responder à questão de Cavaco Silva sobre o que fazer aos funcionários públicos e nem
assim desistiram de tentar despedir os funcionários públicos.
É irónico que tenha sido o próprio Cavaco Silva, enquanto Presidente da República, a enviar para o Tribunal
Constitucional a lei que previa o despedimento de funcionários públicos, a qual o Tribunal Constitucional veio a
chumbar por declarar que esse despedimento era inconstitucional.
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Bem lembrado!
A Sr.ª JoanaMortágua (BE): — O anterior Governo acabou por contornar o chumbo do Tribunal
Constitucional, mas não contornou as más intenções que tinha naquela lei da requalificação dos trabalhadores
em funções públicas.
Portanto, criou um verdadeiro regime de injustiça, um verdadeiro regime de chantagem, em que,
arbitrariamente e sem ter em conta as necessidades dos serviços, os trabalhadores em funções públicas, a
exercerem funções que faziam falta aos serviços, foram colocados num regime que os despedia se eles tivessem
um vínculo recente, mas, se tivessem um vínculo antigo, não podendo despedi-los, impunha-lhes um corte
salarial tão grande que o mais provável era empurrar esses trabalhadores contra a parede para que eles
acabassem por pedir a rescisão do contrato.
Foi isto que aconteceu a mais de 600 trabalhadores da segurança social, em relação aos quais o Provedor
de Justiça, depois, veio recomendar que fossem reintegrados porque havia uma total falta de critério e de
fundamentação na decisão de enviar esses 600 trabalhadores para a requalificação.
Houve até uma grande «sensibilidade» social por parte do Ministério do atual Deputado Mota Soares ao
terem enviado doentes oncológicos e com esclerose múltipla para este regime de requalificação — uma
verdadeira «sensibilidade» social!
Hoje, estamos perante um regime de valorização que tem um primeiro e grande mérito: o de confirmar a
revogação do regime de requalificação dos trabalhadores em funções públicas, ou seja, é a confirmação do fim
deste regime.
Sobre o regime de valorização, para além desse primeiro mérito, há outros que gostaríamos de salientar.
Segundo mérito: resulta de um processo negocial, coisa que o anterior Governo sempre recusou fazer com
os sindicatos dos trabalhadores em funções públicas.