I SÉRIE — NÚMERO 36
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Como noutros momentos da sua vida, também recentemente não teve medo do politicamente incorreto e
subscreveu o Manifesto pelo Tua, confirmando uma posição que não esqueceremos: para Mário Soares,
também os rios deveriam ser livres.
Mário Soares é, sem dúvida, uma imagem marcante e uma referência para qualquer cidadão que se guie
pelos valores da democracia, da liberdade, da paz, do ambiente e dos direitos humanos.
Contributos com esta relevância histórica são de importância extrema para os desafios que se avizinham.
É com enorme respeito que homenageamos Mário Soares. Valorizamos o legado que nos deixa, honramos
a sua passagem marcante pela História e lamentamos a perda de mais uma voz incontornável da democracia
portuguesa.
Por tudo isto, o PAN expressa as suas mais sentidas condolências à família de Mário Soares, aos seus
amigos e ao Partido Socialista.
Termino com as palavras de outro ícone na luta pela liberdade, Nelson Mandela, que um dia disse: «A morte
é inevitável. Quando um homem fez aquilo que considera ser o seu dever para com o seu povo e o seu país,
poderá descansar em paz.»
A Mário Soares que descanse em paz e obrigado!
Aplausos do PS, do BE, de Os Verdes e de Deputados do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente da Assembleia da Assembleia da República, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Soares e restantes familiares do Dr.
Mário Soares: Evocamos hoje, em sessão plenária, o Dr. Mário Soares e as primeiras palavras que o Partido
Ecologista «Os Verdes» pretende deixar nesta ocasião têm como propósito expressar as mais sinceras
condolências, particularmente à família do Dr. Mário Soares e ao Partido Socialista.
A morte, a única agressão que nem mesmo os homens que ajudam a construir a nossa História conseguem
vencer, não tem hora marcada, mas chega, chega sempre! Sempre, inevitável e irremediavelmente! É esta a
condição humana.
E ainda que este desfecho fosse relativamente previsível, face ao estado de saúde do Dr. Mário Soares nas
últimas semanas, ainda assim nunca essa hora é oportuna e não é também por isso que a dor, sobretudo dos
seus familiares, fica mais leve.
A perda de uma pessoa próxima é sempre terrível, muito dolorosa, de uma dor absolutamente inacreditável,
porque nós, humanos, não estamos preparados ou não estamos dotados para enfrentar com naturalidade a
ameaça que a morte representa.
Por isso mesmo, importa, antes de mais, expressar o mais sentido respeito pelo sentimento de perda, desde
logo dos seus familiares e amigos mais próximos, mas também de todos quantos sentem a sua morte como
uma perda pessoal ou coletiva.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nos últimos dias, os jornais, as rádios e as televisões têm promovido
debates, conversas, produzido e difundido reportagens e recolhido depoimentos de pessoas conhecidas e de
pessoas anónimas sobre o Dr. Mário Soares.
Ouvimos e vimos, ao longo dos últimos dias, depoimentos de natureza mais pessoal, carregados de emoção
e outros, como, aliás, não podia deixar de ser, sobre o homem político que indiscutivelmente foi o Dr. Mário
Soares. E de todo este acervo de reportagens, debates, testemunhos ou depoimentos, concorde-se ou discorde-
se das posições assumidas pelo Dr. Mário Soares ao longo de uma vida de intervenção política, o que fica e
que nos parece consensual é que estamos a falar de um homem que marcou incontornavelmente a História do
nosso País.
Marcou a História do nosso País, não só pelos relevantes cargos que exerceu depois da Revolução dos
Cravos, como também pelo seu contributo na luta contra o regime fascista. Uma ditadura que amarrou o País,
durante quase meio seculo, à fatídica pobreza e ao analfabetismo, que impôs o silêncio à livre expressão e
opinião e que alimentou uma guerra desprovida de qualquer sentido — a Guerra Colonial.
Como é referido no voto de pesar, apresentado pelo Sr. Presidente e pela Mesa da Assembleia da República,
ao qual o Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes» também se associa, «Mário Soares abraçou