18 DE JANEIRO DE 2017
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aumento de receita que teria se não houvesse esta medida; e, esmagadoramente, esta medida destina-se a
micro, pequenas e médias empresas — são elas as grandes beneficiárias.
Este é o nosso ponto de vista e, por isso, adotámos esta medida.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o Bloco de Esquerda sempre esteve
disponível para discutir fontes de financiamento da segurança social e até utilizar a TSU, no que diz respeito à
negociação com as empresas, por exemplo, para cobrar mais TSU às que recorrem à precariedade e aos
contratos a prazo. Esta é uma medida que gostaríamos de ver implementada. E podemos discutir todas essas
matérias.
Risos do PSD.
Não estamos é disponíveis para medidas que premeiam quem pratica os mais baixos salários. E, Sr.
Primeiro-Ministro, diga-se o que se disser, todas as empresas vão poder recorrer a esta medida, e isso significa
sempre muito dinheiro para os bolsos errados e, seguramente, muito dinheiro para pressionar os salários para
baixo.
Aplausos do BE.
Sr. Primeiro-Ministro, queria colocar-lhe outra questão sobre um debate importante que temos tido e que teve
aqui lugar, na semana passada, sobre o Novo Banco, que é um dossier em aberto e que preocupa bastante o
Bloco de Esquerda.
Já todos sabemos que PSD e CDS, com a ajuda do Banco de Portugal de Carlos Costa, basicamente
mentiram ao País, dizendo que a resolução não iria ter custos quando já se sabe que custa milhares de milhões
de euros.
Sabemos mais: que os custos futuros do Novo Banco também serão sempre imputados, de alguma forma,
aos contribuintes, mais não seja por garantias que os privados eventualmente interessados no Novo Banco
venham a pedir.
Tivemos aqui um debate em que foi clara a seguinte divisão: à esquerda, defende-se o controlo público do
Novo Banco, porque, já que pagámos, mandamos e porque se acha que assim se defende melhor o País; à
direita considera-se, de forma dogmática, que o melhor é sempre vender a privados e, aparentemente, continua
a achar-se alegremente que ainda não foi dinheiro público suficiente para a banca privada e, portanto, quer-se
continuar a limpar bancos privados com dinheiros públicos e a entregá-los a privados.
O Partido Socialista teve uma posição sui generis: disse que dependia de quem dava a melhor oferta, do que
é que custava mais ou menos.
Sr. Primeiro-Ministro, se nós, contribuintes, já pagámos e vamos continuar a pagar o Novo Banco e sabendo
que, se vendermos o Novo Banco, 70% do sistema financeiro do nosso País fica em mãos estrangeiras, não
haverá aqui também uma precaução, um cuidado a ter com a economia portuguesa, que exige uma decisão no
sentido de ter o Novo Banco como um banco público? O dinheiro já o perdemos. Mas queremos mesmo perder
o controlo sobre o sistema financeiro?
No Bloco de Esquerda, achamos que é possível reduzir as perdas do Novo Banco sobre os contribuintes.
Acreditamos que é preciso fazer melhor, que a resolução foi mal feita, que houve quem tivesse sido protegido e
não deveria ter sido protegido na resolução e que houve quem pagasse o que não deveria ter pago. E esse
trabalho deve ser feito.
Mas, se for feito com o Novo Banco público, poderemos proteger as contas públicas e o interesse estratégico
nacional. Se for feito com o Novo Banco privado, perdemos o dinheiro público e o que dizemos é que o sistema
financeiro português fica completamente entregue ao estrangeiro.
Isso não preocupa o Governo?