I SÉRIE — NÚMERO 45
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avançaria. Avançou com as obras, gastou mais de 100 milhões de euros e, passados alguns meses, mandou-
as suspender.
Aplausos do PSD.
Não teve respeito pelas pessoas, foi irresponsável, delapidou o dinheiro público e é isso que não queremos.
Queremos que a obra seja concluída. Não estamos a falar de um investimento novo, estamos a falar de uma
linha que existia, de um investimento que estava a decorrer e que foi interrompido pelo Governo do Partido
Socialista.
Sr. Deputado Pedro Coimbra, há responsáveis e responsáveis. Há aqueles que o destruíram, que o
desmantelaram, e esses estão hoje no Governo, são apoiados pelo Partido Socialista, pelo Partido Ecologista
«Os Verdes», pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda.
Aplausos do PSD.
Por isso, o que vos peço é que se unam, que se sentem à mesa e resolvam. Aquilo está assim, como vos
mostro nestas imagens, está assim, destruído, são mais de 100 milhões de euros gastos para estar agora assim!
É assim que está às portas de Coimbra. Está assim! Isto é injusto, isto é irresponsável!
Protestos do PCP.
Assim, o que vos pedimos é que comecem as obras. Escolham a solução que vos pareça melhor, sustentável,
mas que responda àquela gente, que merece respeito e merece ser tratada com dignidade.
Há bocado falaram aqui no desmantelamento do sistema de transporte em Lisboa e Porto. O que é isso ao
pé daquilo? O que é isso?!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Fátima Ramos (PSD): — Por isso, Sr. Presidente, faço o seguinte apelo aos Deputados presentes
nesta Sala: não vamos culpabilizar ninguém, vamos unir-nos, vamos apoiar e vamos esperar que quem está no
Governo resolva. É que quem está no Governo tem a obrigação de resolver.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, está concluída a apreciação conjunta da petição n.º 84/XIII (1.ª) e dos
projetos de resolução n.os 29/XIII (1.ª) (Os Verdes), 489/XIII (BE) (2.ª) e 635/XIII (2.ª) (PCP).
Vamos passar à apreciação da petição n.º 103/XIII (1.ª) — Solicitam a despenalização da morte assistida
(Movimento Cívico «Direito a Morrer com Dignidade»).
Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Pureza.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje faz-se história neste lugar
primeiro do debate plural e das decisões democráticas.
Graças à iniciativa do movimento cívico pela despenalização da morte assistida — cujos representantes
saudamos reconhecidamente —, abriu-se em Portugal um debate de intensidade e profundidade inéditas sobre
os direitos de todas as pessoas no final da vida.
A Assembleia da República é, ela própria, parte primeira desse debate. Nem podia deixar de o ser, porque a
questão realmente essencial que é suscitada por esta petição é uma questão de direitos fundamentais: a de
saber se, numa sociedade pluralista e tolerante, e num Estado laico e democrático, a vida é um direito ou é uma
obrigação, se somos obrigados pela lei a ter de suportar um caminho de degradação física, dependência e
sofrimento atroz, que não desejamos e é grotescamente contrário à vida que nos dignifica aos nossos próprios
olhos, um fim de vida que desrespeita, que agride, que viola os valores e padrões que escolhemos para nos
conduzirem ao longo da nossa existência.