I SÉRIE — NÚMERO 46
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Temos sindicatos com pouco mais de 110 associados, em que mais de 95 são dirigentes sindicais ou
delegados sindicais a gozar, respetivamente, 48 dias de folgas remuneradas por ano e 20 dias de folgas
remuneradas por mês. Só em 2015 estiveram ausentes do serviço cerca de 31 153 dias, sobretudo com especial
incidência aos fins de semana, sextas e segundas-feiras. Ou seja, todos os dias cerca de 85 polícias estão
ausentes para exercício de atividade sindical — todos os dias! —, o que equivale a 600 por semana. Portanto,
o que se pretende com esta proposta é introduzir um critério de representatividade igual ao que vigora para a
generalidade dos trabalhadores da função pública.
Quanto ao famoso artigo 3.º, procurou-se a sua densificação, mas reconheço que a redação proposta pode
conduzir a interpretações não queridas e indesejadas. Por isso, penso que os Srs. Deputados saberão encontrar
a formulação adequada.
Por fim, quanto ao regime de transferência, mantém-se aquele que é praticamente o mesmo que está
consagrado na lei do trabalho em funções públicas, com algumas diferenças. Mas estou disponível para qualquer
revisão.
Esta é uma proposta de lei em relação à qual penso que todos os Srs. Deputados, com todo o sentido de
Estado, saberão encontrar as formulações mais adequadas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado, do Grupo
Parlamentar do PCP.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, começo por saudar os
profissionais da PSP presentes nas galerias.
Como sabe, Sr.ª Ministra, não há uma objeção do PCP quanto aos objetivos de fundo aqui anunciados e
vertidos no diploma. Contudo, o PCP considera que há a necessidade imperiosa de alterar os aspetos mais
gravosos do diploma, entre eles o artigo 3.º, que diz respeito às declarações dos dirigentes, o artigo 4.º, sobre
a possibilidade de transferência de dirigentes, o artigo 7.º, que refere as incompatibilidades, e o artigo 18.º,
quanto aos créditos de horas dos delegados sindicais.
Para o PCP, é fundamental corrigir esses aspetos, pelo que pergunto qual é a disponibilidade do Governo
para os corrigir. Se existir essa mesma disponibilidade, desde já afirmamos que iremos propor a audição de
todas as estruturas representativas dos trabalhadores. Vamos avançar para este processo legislativo com a
profunda convicção de que não é só possível corrigir os aspetos mais nefastos, como também é possível,
inclusivamente, melhorar o diploma e, assim, melhorar as condições para a atividade sindical na PSP.
Sr.ª Ministra, a pergunta que lhe quero deixar é a seguinte: qual é a disponibilidade do Governo para este
objetivo?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Administração Interna.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Sr. Deputado, a disponibilidade é total.
Risos do PSD.
O Sr. Presidente: — Trata-se de uma resposta concreta a uma pergunta concreta.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Peixoto, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Srs. Deputados: Começo também por
cumprimentar os profissionais da PSP que se encontram nas galerias.
Queria começar por dizer à Sr.ª Ministra que esta proposta de lei mostra, em todo o seu esplendor, a
fragilidade deste Governo. Quanto mais tempo passa, mais fica provado que o Governo e o Partido Socialista
não se entendem com a sacrossanta maioria de esquerda, que prometeu ao País uma governação estável,