9 DE FEVEREIRO DE 2017
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A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Era aí que estava a dívida. Era aí que ela estava, bem escondida
debaixo do tapete!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Protestos do PS.
Por isso, a chamada «consolidação da dívida das administrações públicas e das empresas públicas» levou
a que ela fosse destapada, a que ela aparecesse com toda a clareza.
É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que fico preocupada quando o oiço vangloriar-se com um défice de dois
vírgula pouco por cento neste ano. Faz-me lembrar o seu antecessor, José Sócrates, quando dizia que 2008
tinha sido um ano maravilhoso, com um défice de 2,6%, na altura o melhor da democracia portuguesa — agora,
esse pódio é seu! —, mas dois anos e meio depois estávamos na bancarrota e a ter um resgate da troica,
assinado pelo seu Partido Socialista.
Protestos do PS.
É por isso que fico muito preocupada.
Fico preocupada também com a ligeireza com que responde em matéria de dívida. O senhor tinha prometido
124% do PIB, mas vai ficar nos 130%, ao que parece — nem nos 128% que já tinha prometido no final do ano
fica. Portanto, continuamos à espera desses números, mas, ao que parece, nada de bom vai aparecer nessa
matéria.
Hoje, houve emissões de dívida e tenho a dizer ao Sr. Primeiro-Ministro que, de facto, é para eu ficar muito
preocupada. A dívida a 10 anos, recentemente emitida, foi a uma taxa de 4,2%; hoje, a dívida emitida a sete
anos dobrou a taxa de juro em relação àquela que tinha sido a emissão de junho. Isso significa que por 530
milhões de euros os portugueses, todos nós, que, em junho, estaremos a pagar 10 milhões de euros de juros,
agora, pelo mesmo valor, pela mesma maturidade — sete anos —, vamos pagar 20 milhões de euros de juros.
Isto não o preocupa, Sr. Primeiro-Ministro? Não tem nada a dizer nesta matéria?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, o que o meu défice não faz é, seguramente,
lembrar os seus défices, porque nós não tivemos nem um Orçamento retificativo e tivemos o menor défice de
sempre da democracia portuguesa. Sim, não tem nada a ver com os seus défices.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — O nosso défice baixou de 12% para 3%!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E fazemos isto porque estamos preocupados com a dívida. Por isso, é
necessário ter menor défice para que a dívida cresça menos; por isso, estamos a reduzir a dívida líquida; por
isso, estamos a aumentar os saldos primários; e por isso, faremos tudo para continuar a contribuir para uma
redução da taxa de juro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Primeiro-Ministro, se há uma coisa que nunca dissemos foi termos
o melhor défice de sempre,…