9 DE FEVEREIRO DE 2017
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E, por isso, tínhamos de fazer este exercício que foi feito, e que o PCP valoriza, de identificação das diferentes
situações atípicas. Mas as situações atípicas são, de facto, muito diversas e, por isso, é essencial que exista
esta comissão bipartida em cada um dos ministérios, com participação sindical, para permitir identificar, em cada
caso concreto, onde é que temos uma necessidade permanente, em que essa situação precária atípica, qualquer
que ela seja, tenha de dar lugar a um contrato efetivo que valorize o exercício de funções públicas, e onde é que
as necessidades não são permanentes ou são, por natureza, satisfeitas através de outra modalidade que não a
de um vínculo permanente ao Estado.
Ora, aquilo que queremos criar é a oportunidade de cada um dos trabalhadores, com a intervenção das
estruturas sindicais, poder colocar a sua situação, verificar-se a sua situação e, caso a caso, ir tomando a
decisão. Isto com um objetivo muito claro, que é o de eliminar as situações de precariedade, pondo o Estado a
dar o exemplo daquilo que tem de passar a ser uma regra efetiva no conjunto do nosso mercado de trabalho.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Tem toda a razão!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É isto que é necessário, porque, se não, de facto, não teremos um mercado de
trabalho que respeite a dignidade, que contribua para termos emprego de melhor qualidade e empresas mais
produtivas e uma economia mais competitiva.
Aplausos do PS.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Que grande raspanete!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, novamente, a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, insisto que ninguém fique de fora
neste processo de justiça social que é preciso realizar.
Uma segunda questão tem a ver com o seguinte: o PCP realizou uma audição pública sobre deficiência e
sinistralidade laboral. Queria transmitir-lhe algumas das preocupações manifestadas nessa audição, que nos
parecem de elementar justiça: a necessidade de garantir aos sinistrados do trabalho não só o apoio no âmbito
da reabilitação física mas também o seu acompanhamento na dimensão social e pessoal e no regresso ao posto
de trabalho; assegurar uma proteção social que responda à realidade vivida por estes trabalhadores, para que
em nenhuma situação o sinistrado fique privado de rendimento; concretizar medidas efetivas de prevenção dos
acidentes de trabalho e doenças profissionais.
Qual é a disponibilidade do Governo para responder a estas preocupações suscitadas pelas organizações
representativas dos trabalhadores sinistrados do trabalho, sempre marginalizados, tendo em conta o nível de
compensação da reforma, sempre secundarizados e maltratados.
Gostaria também de lhe referir uma situação que nos chegou, relativa ao abono de família. No Orçamento
do Estado para 2017, deu-se um passo importante, de alargamento do abono de família e majoração dos seus
montantes, mas, tanto quanto sabemos, as famílias ainda não receberam o valor atualizado. Naturalmente,
receberão retroativos, mas era importante conhecer a perspetiva de publicação, por parte do Governo, do
diploma que concretiza esta norma do Orçamento do Estado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, telegraficamente, porque ainda
dispõe de tempo para me fazer outras perguntas, em relação à situação das pessoas com deficiência, como
sabe, demos um passo importante com a criação da prestação única, cujo debate público está agora a ser
concluído, e que visa integrar numa única prestação aquilo que deve ser uma prestação universal e idêntica
para toda a pessoa com deficiência. Uma segunda componente tem a ver com necessidades específicas, seja