9 DE FEVEREIRO DE 2017
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Há uma outra matéria que gostava de pôr à consideração do Sr.
Primeiro-Ministro e que assustou Os Verdes brutalmente. Tem a ver com a intenção anunciada pelo Sr. Ministro
do Ambiente de municipalização da gestão das áreas protegidas.
Sr. Primeiro-Ministro, os municípios já têm, hoje, responsabilidades importantes em matéria de conservação
da natureza e da biodiversidade, designadamente na formação de corredores para essa biodiversidade, no
sentido até da criação de áreas protegidas de âmbito local e regional, mas, Sr. Primeiro-Ministro, não queira
agora desresponsabilizar o Estado em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade para passar a
responsabilidade para os municípios. As condições e a perspetiva nacional que o Estado, através do Governo,
tem de ter relativamente a esta matéria não são exequíveis por parte das autarquias.
Os Verdes reafirmam…
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou o seu tempo.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino mesmo, Sr. Presidente.
Como eu estava a dizer, Os Verdes reafirmam que aquilo que é fundamental, em termos de conservação da
natureza e da biodiversidade, é a não mercantilização da conservação da natureza, dotar de mais meios,
designadamente, humanos, melhorando as condições de trabalho destes profissionais para poderem exercer o
seu trabalho e, de facto, garantir mais financiamento para que esta conservação da natureza e da biodiversidade
seja efetuada.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não se desresponsabilize desta tarefa, Sr. Primeiro-Ministro.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, agradeço-lhe particularmente a última pergunta,
porque me permite esclarecer alguma confusão que vi publicada.
Não é intenção do Governo — e muito menos foi anunciado pelo Sr. Ministro do Ambiente — qualquer
municipalização das áreas protegidas. As áreas protegidas são uma parte essencial do nosso território, uma
área diferenciada, e é responsabilidade do Estado assegurar a sua preservação.
Aquilo que entendemos é que teremos a ganhar na proteção destas áreas associando mais os municípios à
sua gestão e, sobretudo, combatendo situações que muitas vezes têm ocorrido em algumas áreas, não em
todas, de haver uma situação conflitual entre o parque, o município e as populações que vivem nas áreas do
parque.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — É que a primeira condição para a preservação do parque é o facto de as próprias
populações sentirem o parque como uma riqueza sua, sentirem o parque como um contributo para o
desenvolvimento regional, sentirem o parque como um fator diferenciador, que as diferencia e que as valoriza,
e há autarquias locais em todo o País…
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, vou já terminar.
Dizia que há autarquias em todo o País que têm um trabalho absolutamente notável na contribuição para a
preservação da natureza e para a sua promoção.
Nesta lógica de associação, o que se propõe é que o parque passe a ter uma direção, presidida por um
autarca, que tenha um representante do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e que tenha,