I SÉRIE — NÚMERO 51
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Aliás, verificamos que a este crescimento do PIB de 1,4% em 2016 correspondeu um crescimento anual do
emprego de 1,2%, o que significou a criação líquida, em 2016, de 56 500 empregos e uma redução estimada
do número de desempregados de 73 500.
Estes dados, mau grado o caráter provisório e conjuntural, são já um reflexo das alterações e das soluções
assumidas até agora e a melhoria que tem sido registada no consumo privado reflete também alguma reposição
do poder de compra dos trabalhadores, através da reposição salarial que foi sendo feita aos funcionários
públicos em 2016.
Ora, estando nós conscientes de que sendo um primeiro bom sinal a aceleração do crescimento nesse
período, o País precisa não apenas de continuar a crescer, mas, mais do que isso, de crescer a um ritmo bem
superior e de uma forma bem sustentada. E, para isso, o País tem, de uma vez por todas, de se libertar dos
atuais constrangimentos externos que nos continuam a ser impostos e que consomem, no controlo do défice
público e da dívida pública, milhares de milhões de euros de recursos financeiros, que poderiam e deveriam ser
aplicados em investimento público, capaz de criar condições económicas.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, peço-lhe o favor de concluir.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino já, Sr. Presidente.
Por isso, Sr. Deputado João Galamba, se a mudança que conseguimos alcançar trouxe resultados positivos,
então a mudança que precisamos de alcançar tem de ir muito mais longe. Por isso, a pergunta: não considera
o Sr. Deputado que, ao invés de dar por resolvidas estas matérias e preocupações, temos mesmo de assumir,
de uma forma decidida e efetiva, uma política alternativa de defesa do interesse nacional, dos trabalhadores,
dos setores produtivos, dos pescadores, dos micro, pequenos e médios empresários? É esta a questão que
deixamos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Leitão
Amaro, do PSD.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Galamba,
terminou a sua intervenção de há pouco a dizer «é preciso humildade para reconhecerem que erraram». Ó Sr.
Deputado João Galamba, arauto do segundo resgate, profeta do programa cautelar, que previu a necessidade
de um programa cautelar, que disse que Portugal estava numa espiral recessiva! Ó Sr. Deputado João Galamba,
advogado da governação sustentabilíssima de José Sócrates, «humildade para reconhecer que erraram»?!
Quero ver, então, esse seu exercício!
Mas vamos falar do presente.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Galamba (PS): — Vamos a isso!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Deputado, haja humildade para reconhecer o cenário
macroeconómico que levaram a eleições — Partido Socialista, 2015: «Podemos crescer 2,6% ao ano». O que
falhou para não termos crescido 2,6% ao ano? O que aconteceu para que há um ano o seu Governo tenha
estado aqui a dizer que íamos crescer 1,8%? O que aconteceu para os senhores há um ano terem dito que o
investimento ia subir e tenha descido? Que as exportações iam crescer mais e, afinal, cresceram menos?
Sr. Deputado João Galamba, para que não haja dúvidas, o PSD quer e acha positivo que haja crescimento
económico e que haja consolidação orçamental. Se ela existe, isso é positivo! Mas isso não nos impede de
criticar e de discordar em relação a duas coisas: primeiro, que o crescimento é pouco, que é menos do que no
ano anterior e, segundo, que os senhores fazem um caminho errado.
Explique-me, Sr. Deputado João Galamba, por que é que, em 2016, o investimento cresce menos, a
economia cresce menos — cresceu 1,4% quando tinha crescido 1,6% —, por que é que as exportações crescem