I SÉRIE — NÚMERO 61
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gestores de conta que no dia a dia lidam com os clientes dos bancos, que são vendidos nos mesmos balcões
em que se trata de operações de dia a dia sem a complexidade que muitas vezes a aquisição deste tipo de
produtos tem. E vamos continuar a ignorar isso? Vamos achar que é pouco fazer alterações que permitam
proteger o cidadão comum daquilo que são práticas comerciais agressivas das instituições financeiras e que
vêm depois a resultar nos lesados de várias instituições financeiras para os quais todos têm muita compreensão,
mas que depois não têm propostas para evitar que essas situações se repitam? É para isso mesmo que nós
agora trazemos estas propostas: para mudar uma arquitetura institucional que não é perfeita, para mudar
procedimentos que permitem situações irregulares e situações prejudiciais e para proteger o cidadão comum de
duas coisas que têm sido muito nocivas nos últimos anos.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Essas duas coisas são: por um lado, enquanto contribuinte, ter de pagar prejuízos gerados por instituições
financeiras que não foram devidamente supervisionadas e depois ser prejudicado por operações dessas
instituições financeiras em que a informação que deveria ter sido prestada não foi prestada, em que o engano
existiu e, obviamente, prejudicou quem não estava em condições de ter contratado os produtos que veio a
contratar.
Sr.as e Srs. Deputados, a questão é muito simples, o debate é sério. Certamente, a alguns interessa mais o
clima de crispação que por vezes se vê neste Parlamento; a nós interessa- nos mais o debate consequente.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Haverá ou não propostas dos outros partidos? Haverá ou não
propostas do Governo? Do CDS já há, e do debate e da aprovação, ou não, dessas propostas nós concluiremos
sobre o grau de comprometimento de cada uma das forças políticas com a solução destes problemas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para encerrar o debate, em nome do Governo, tem a palavra
o Sr. Ministro das Finanças.
O Sr. Ministro das Finanças: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Já na fase final deste debate, foram
referidas as últimas nomeações para o Banco de Portugal e eu gostaria de aproveitar a oportunidade para
relembrar que essas nomeações foram propostas pelo Banco de Portugal e aprovadas pelo Governo.
A Assembleia da República, em boa hora, trouxe ao Plenário a discussão sobre a supervisão financeira.
Saúda-se o interesse por esta matéria, pela sua importância para a vida dos portugueses, para a economia
nacional e para as finanças públicas.
Na conclusão deste debate, reafirmo a posição do Governo: o Governo entende que a regulação e a
supervisão são a resposta para os riscos do sistema financeiro e entende que a regulação e a supervisão são o
instrumento que melhor assegura a estabilidade financeira.
O Governo acolhe, com muito interesse, todas as ideias dos grupos parlamentares que tragam maior eficácia
à regulação e à supervisão financeiras. Contudo, esta é uma matéria complexa, com muitos temas relacionados
e com interesses divergentes em presença. Qualquer alteração exige um conhecimento aprofundado e uma
reflexão ponderada e esclarecida, algo que o debate que vamos ter, com certeza, vai atingir. Mas não é possível,
nem desejável pensar isoladamente algumas das propostas e pontos de vista que os Srs. Deputados hoje
apresentaram. Algumas das propostas antecipam, fora do contexto, iniciativas legislativas que o Governo se
encontra a preparar e que serão apresentadas ao Parlamento brevemente.
No domínio das regras, muito tem sido feito no último ano. O Governo aprovou, em junho do ano passado,
um decreto-lei relativo aos requisitos de transparência quanto às informações respeitantes às empresas cotadas.
Encontra-se em discussão nesta Câmara uma fundamental revisão do regime sancionatório dos valores
mobiliários, com particular incidência sobre os crimes de abuso de mercado.