I SÉRIE — NÚMERO 64
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … mas temos de olhar para a organização do Estado com os três níveis, o
nível nacional, o nível local e a criação de regiões administrativas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para apresentar a iniciativa do CDS-PP, tem, agora, a palavra o Sr.
Deputado Álvaro Castello-Branco.
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: O tema que hoje estamos a discutir é, na sua essência, unanimemente defendido por todos os
partidos representados nesta Câmara, ou seja, todos defendem uma maior descentralização.
A descentralização de competências do poder central para o poder local e regional é essencial para o efetivo
e melhor desenvolvimento económico e social de toda a população portuguesa.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — No CDS, não temos dúvidas de que esse é o caminho, não
temos dúvidas da missão fundamental desempenhada pelos órgãos autárquicos na oferta de serviços públicos
de qualidade aos portugueses, integrando a primeira linha e a mais próxima dos cidadãos.
Mas, se todos estamos de acordo quanto aos benefícios de uma maior descentralização, já divergimos
quanto ao modo e às matérias a descentralizar. E são estas, por isso mesmo, o objeto de discussão fundamental
que todos devemos debater.
O anterior Governo PSD/CDS-PP iniciou este caminho de reforço da descentralização. Por isso, o XIX
Governo Constitucional, do PSD e do CDS-PP, desenvolveu e implementou uma profunda reforma,
nomeadamente no que se refere às atribuições e competências das autarquias locais e das entidades
intermunicipais, através da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro.
Por outro lado, no que se refere a áreas como a educação, saúde, segurança social e transportes, foram
aprovados diversos diplomas no sentido de efetivar a descentralização destas funções sociais.
O caminho iniciado pelo anterior Governo, da descentralização, deve ser aprofundado e concretizado, razão
pela qual o CDS não quis deixar de participar em todo este processo e de apresentar um projeto de lei sobre
esta matéria.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Assim, e para dar continuidade ao aludido caminho,
entendemos que no âmbito da educação, saúde, ação social, proteção civil, praias, gestão florestal, saúde
animal, segurança alimentar, património e habitação devemos proceder à descentralização de competências
para os municípios e entidades intermunicipais. Temos um longo trabalho pela frente, muito a discutir e a
desenvolver, com a intervenção de todos — Associação Nacional de Municípios Portugueses, ANAFRE
(Associação Nacional de Freguesias), autarcas —, mas entendemos que existem alguns princípios e regras
básicas que devem ser observados e do que parece resultar do diploma apresentado pelo Governo não estão
devidamente acautelados.
Assim, e desde logo no que se refere às áreas a transferir para os municípios, entendemos que, antes da
transferência de qualquer competência, todas as situações devem ser analisadas e o cumprimento efetivo das
funções em causa salvaguardado. Para isso, deve-se ter em conta as especialidades de cada um dos municípios
que constituem o País, as suas valências, capacidades, meios e todos os critérios que nos permitam avaliar se
determinada competência pode, e deve, ser exercida a nível local ou por uma entidade intermunicipal.
Para além disso, a par dessas transferências, tem de ficar devidamente salvaguardado que os municípios e
as entidades envolvidas dispõem de todos os recursos financeiros, materiais e humanos necessários ao pleno
cumprimento dessas funções. Necessário é, também, que fique salvaguardado que o exercício das
competências por municípios e entidades intermunicipais não comporte aumento da despesa pública.