I SÉRIE — NÚMERO 68
6
A Sr.ª Regina Ramos Bastos (PSD): — Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.as e Srs. Deputados:
Há 60 anos, nos escombros da II Guerra Mundial, que fez mais de 50 milhões de vítimas, seis países
comprometeram-se a manter e a consolidar a paz, aproximando os países europeus num projeto comum.
Primeiro foram as matérias-primas: o carvão e o aço. Depois, o estreitamento dos laços entre os Estados-
membros permitiu uma ambição política e social e a visão de uma Europa alargada a outros países, fomentando
os valores partilhados e a solidariedade entre os povos.
Nunca foi pretensão desta construção política, económica e social, apagar as identidades nacionais. Sempre
afirmou o respeito pela liberdade, democracia, igualdade, Estado de direito e pelos direitos humanos.
As conquistas alcançadas em benefício dos nossos cidadãos são visíveis: o mercado comum, com livre
circulação de pessoas, bens, capitais e serviços; a moeda única; as políticas do ambiente; as políticas de
segurança; a proteção dos direitos fundamentais; a igualdade entre homens e mulheres. Conquistámos a
cidadania europeia, que acresce à cidadania nacional.
Quando chegou a hora de Portugal consolidar a sua frágil democracia e aspirar a maior prosperidade e justiça
social para os portugueses, não houve hesitação dos seus decisores políticos.
A adesão à então CEE, em 1986, ajudou a concretizar um modelo democrático centrado na proteção do
bem-estar integral dos cidadãos portugueses.
Durante os anos da pertença de Portugal à União, PSD, PS e CDS lideraram a afirmação dos valores
europeus e da participação no aprofundamento da União.
Mas, de entre as forças partidárias que suportam o atual Governo, há aquelas que ainda rejeitam o projeto
europeu, que fazem uma avaliação negativa da nossa participação e que se afastam do diálogo das famílias
europeístas para as reformas e mudanças que são necessárias. E esta contradição não pode deixar de ser
notada.
Vivem-se hoje tempos complexos na União e não ignoramos que há uma agenda diferenciada dos Estados-
membros. Portugal deve contribuir para uma agenda de unidade e de solidariedade para, juntos, fazermos mais
e melhor.
Temos de dar as respostas que os cidadãos procuram da Europa. É preciso acabar com o oportunismo
político de governos que teimam em culpar a Europa pelos fracassos e exibir como louros nacionais os êxitos
de uma Europa comum.
A União precisa de coragem para fazer as reformas de futuro: completar os projetos inacabados, pensar nos
mais jovens que estão à margem do mercado de trabalho e procurar soluções para os desempregados de longa
duração.
É tempo de desenvolver o pilar europeu dos direitos sociais. A Europa precisa de concretizar a união
económica e monetária e de criar o fundo monetário europeu.
Os desafios na área da segurança e defesa estão aí, e exigem avanços imediatos.
A globalização justa não se compadece com preconceitos ideológicos, venham eles da extrema-esquerda
ou da extrema-direita europeias.
Apesar dos movimentos eurocéticos e populistas, a força deste projeto continua presente, 60 anos depois, e
com os mesmos valores: a paz, a solidariedade e o progresso económico e social.
O Partido Social Democrata sabe a Europa que quer.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Regina Ramos Bastos (PSD): — Termino já, Sr. Presidente.
Queremos uma Europa mais forte e mais unida.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Em nome do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr. Deputado Vitalino Canas.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Aqueles que propulsionaram os
Tratados assinados em 25 de março de 1957 — e que o Sr. Presidente há pouco relembrou — já não estão