25 DE MARÇO DE 2017
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nas ruas de Roma, a esta hora, os europeus protestam contra o caminho que a Europa está a seguir e acusam
a União Europeia de estar dominada pela banca.
Nós consideramos que esta data deveria constituir uma oportunidade para olhar para trás e repensar o futuro
da Europa, desta Europa desgastada e nada solidária, que decide em função dos grandes interesses
económicos e sempre a favor dos seus Estados-membros mais fortes.
Uma Europa que continua a alargar o fosso entre países ricos e países pobres, entre cidadãos ricos e
cidadãos pobres.
Uma Europa cada vez mais reduzida a grande protetora dos interesses das multinacionais, como mostram
as negociações em torno de acordos como o CETA e o TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership).
Uma Europa que continua a ser construída nas costas dos cidadãos, nomeadamente dos cidadãos
portugueses, que nunca tiveram oportunidade de se pronunciar sobre o caminho que a Europa está a seguir.
Uma Europa cada vez mais dos mercados e cada vez menos uma Europa das pessoas, dos cidadãos.
Uma Europa que há muito retirou do seu vocabulário conceitos como justiça social ou solidariedade, como,
de resto, mostra a forma como continua a gerir a crise humanitária no mediterrâneo, com situações de violência
e imposição de políticas discriminatórias no acolhimento de refugiados e que violam todos os princípios e valores
que supostamente deveriam presidir à construção de uma Europa solidária e respeitadora dos direitos humanos.
Uma Europa que encontra a sua génese na procura e na garantia da paz com a criação da Comunidade
Europeia do Carvão e do Aço, exatamente para que a matéria-prima necessária às pretensões belicistas ficasse
fora do alcance dos Estados, mas que em nada contribui para promover a paz, bem pelo contrário.
Uma Europa que, de remendo em remendo, vai mostrando as ilusões que nos andam a vender há décadas.
O euro, o último remendo ou a última ilusão, foi-nos apresentado como a solução para Europa. Achavam que
viria aí a solução para todos os males. Com o euro, vinha o desenvolvimento, o emprego, a bonança. Ia ser uma
alegria!
Depois de 15 anos de crescimento acumulado praticamente nulo, com o desemprego estrutural a duplicar,
com as produções agrícolas e industriais a recuarem e com as desigualdades a acentuarem-se, é tempo de
olhar para trás e aprender como os erros.
Mas, em vez de se repensar este caminho, a preocupação central dos senhores da Europa é a de reforçar o
caminho seguido até aqui.
Hoje, discute-se o aumento das competências atribuídas ao nível europeu, ou seja, menos soberania para
os Estados-membros; discute-se a existência de um ministro das Finanças para a União Europeia, talvez para
dar mais força às sanções; e discute-se se o orçamento da União Europeia deve ser reorientado sobretudo ao
nível dos fundos estruturais para favorecer, claro, as parcerias público-privadas.
São estas as prioridades dos senhores da Europa. E nós consideramos que a reflexão sobre o futuro da
Europa deveria ser a prioridade das prioridades, porque, a continuar neste caminho, a Europa não pode durar
muito mais tempo. É, portanto, uma questão de sobrevivência.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente: — Chegámos, assim, ao fim do primeiro ponto da ordem do dia, relativo à evocação dos
60 anos do Tratado de Roma
Vamos passar à apreciação do Decreto-Lei n.º 45/2016, de 17 de agosto, que aprova um conjunto de regras
complementares do processo de transição dos docentes do ensino superior politécnico, regulado pelo Decreto-
Lei n.º 207/2009, de 31 de agosto, alterado pela Lei n.º 7/2010, de 13 de maio [apreciações parlamentares n.os
22/XIII (2.ª) (BE) e 24/XIII (2.ª) (PCP)].
Para apresentar a iniciativa do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Monteiro.
O Sr. LuísMonteiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não podíamos começar este debate
sem deixar de saudar a presença dos docentes do politécnico e também dos representantes sindicais, o SNESup
(Sindicato Nacional do Ensino Superior) e a FENPROF (Federação Nacional dos Professores), que nunca
desistiram de garantir que estes professores e estas professoras conseguiam ingressar na carreira e estabilizar
as suas vidas.