I SÉRIE — NÚMERO 72
12
Em segundo lugar, não existe impacto direto ou indireto nas contas públicas. Não existe qualquer garantia
por parte do Estado ou de qualquer outra entidade pública. Por um lado, o Lone Star assegurará o necessário
reforço imediato de capital; por outro, as eventuais responsabilidades futuras recairão nos bancos que
asseguram o capital do Fundo de Resolução. Com o propósito de diminuir a probabilidade de o Fundo ser
chamado a injetar capital, foi estabelecida a impossibilidade de o Novo Banco poder pagar dividendos, o que
permitirá que o rendimento gerado pelo Novo Banco, durante esse período, contribua para reforçar os rácios de
capital e absorver eventuais perdas sem que o Fundo de Resolução seja chamado a injetar capital.
Em terceiro lugar, garante-se a fundamental estabilidade do sistema financeiro.
Por tudo isto, esta é uma solução equilibrada e que tem presente a necessária proteção dos contribuintes,
da economia, da estabilidade da instituição Novo Banco e do sistema financeiro.
Sendo uma solução equilibrada, não quer dizer que tenha sido a solução perfeita, na perspetiva do Estado.
Foi, porém, a melhor solução de entre o conjunto de alternativas que se apresentaram neste processo.
Idealmente, teria sido positivo existirem outras condições para a venda, permitindo, designadamente, ao
Fundo de Resolução recuperar o valor que foi injetado pelo anterior Governo na resolução do BES. No entanto,
este foi o melhor negócio possível perante as circunstâncias concretas.
Sobre essas circunstâncias, não esqueçamos, por exemplo, a decisão do Banco de Portugal, em 29 de
dezembro de 2015, que alterou a composição das componentes do BES e do Novo Banco, tendo transferido
2000 milhões de obrigações seniores para o BES.
Mas também não esqueçamos que, no passado, houve outras oportunidades de concretizar a venda do Novo
Banco, com mais de um ano de processo negocial entre o Fundo de Resolução e os potenciais compradores,
tendo o processo avançado mesmo para negociações exclusivas, em agosto de 2015, mas não tendo sido
vendido 1% sequer do Novo Banco.
Mesmo não sendo esta a solução perfeita, temos consciência de que as alternativas à venda seriam bem
piores.
A título de exemplo, devo mencionar que a nacionalização do Novo Banco levaria a que o Estado tivesse de
o capitalizar, logo no momento inicial, com montantes superiores a 4000 milhões de euros, recaindo todos os
riscos futuros exclusivamente sobre o próprio Estado, onerando adicionalmente os contribuintes portugueses.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Porquê?! Já não se pode usar o Fundo de Resolução?!
O Sr. Ministro das Finanças: — A venda do Novo Banco é, portanto, uma boa notícia para os portugueses.
Venda esta que se junta à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, à atração de capital de diversas
proveniências para a banca nacional e à consolidação das estruturas acionistas dos principais bancos
portugueses.
Após um doloroso programa de ajustamento que foi incapaz de trazer soluções para aquele que era um dos
seus pilares, o sistema financeiro, o XXI Governo Constitucional conseguiu, em pouco mais de um ano, criar as
condições e promover a estabilização do sistema financeiro.
Aplausos do PS.
A economia portuguesa não pode crescer sem um sistema financeiro sólido e em condições de prover ao
seu financiamento. Estamos, hoje, em melhores condições para encarar os desafios do futuro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — A Mesa não regista mais inscrições para uso da palavra.
Assim sendo, não sei se poderemos passar ao ponto seguinte. Acredito que não, pois há vários partidos que
ainda dispõem de tempo. Mas o eventual pedido de inscrição terá de ser rápido.
Pausa.