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I SÉRIE — NÚMERO 72

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fazer tudo, tudo, para travar este negócio. Aparentemente, «tudo», para o Bloco de Esquerda, era promover

este debate. Portanto, ficamos a saber que «fazer tudo», para o Bloco de Esquerda, é, sobretudo, fazer de conta

que faz alguma coisa.

Aplausos do CDS-PP.

É que, Sr.as e Srs. Deputados, o Governo, nomeadamente o Sr. Ministro que aqui está, está aqui com a

legitimidade que recolhe dos partidos que o apoiam: PS, Bloco e PCP. E o Governo, nesta negociação, falhou

nos objetivos, falhou na negociação e, como já vem sendo habitual, falhou na coerência.

Mas, para negociar e para chegar aqui, não foi apenas o Governo que falhou, foram também os partidos que

o apoiam — PS, PCP, Bloco e «Os Verdes». Sem eles, esta negociação não aconteceria, como ficará

particularmente claro.

Aplausos do CDS-PP.

Portanto, podemos ter aqui os «teatros» que entenderem, mas deste facto objetivo, ou seja, que era

impossível ao Governo negociar sem a legitimidade que os senhores lhe dão, ninguém conseguirá fugir.

Mas vamos, então, ao que está aqui em causa: falhou nos objetivos, falhou na negociação e falhou na

coerência. E falhou porquê? Primeiro, porque a venda é parcial; segundo, porque a garantia de que não ia haver

garantia transformou-se, afinal, numa solução em que o Fundo de Resolução responde por — e vamos chamar

as coisas pelos nomes — até 3800 milhões de euros de calotes deste Novo Banco.

Protestos do Deputado do PS João Galamba.

E, mais: já que falhou na coerência, onde é que está o PS que dizia, quando se falava nas responsabilidades

do Fundo de Resolução e se dizia que são os bancos a pagar e não o contribuinte, que isso era um sofisma,

porque se o pagamento dos bancos para o Fundo for desviado para pagar o buraco do Novo Banco isso é

receita que o Estado deixa de ter, o que agrava o défice?

Protestos do Deputado do PS João Galamba.

Sr. Deputado João Galamba, pode gritar tanto quanto quiser, mas que está a fazer o contrário daquilo que

disse é um facto tão óbvio que até dispensa mais citações, que, aliás, são tão abundantes que se eu tivesse

meia hora não chegaria para fazê-las todas.

Aplausos do CDS-PP.

Em terceiro lugar, falhou na negociação. E falhou porquê? Este era o Governo — lembro-me bem — que ia

bater o pé à Europa e ter «voz grossa». Menos de um ano e meio depois, os senhores já conseguiram: pagaram

ao Santander para ficar com o BANIF e conseguiram que a Caixa Geral de Depósitos, banco público, e que o

CDS sempre defendeu que se mantivesse público, pagasse mais do dobro de juros a fundos no Luxemburgo do

que o Estado português paga para se financiar. É esta a vossa ideia de um banco público, da função e do papel

do banco público.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E, agora, para terminar, conseguiram isto: conseguiram uma venda de

75% com o Fundo de Resolução a ficar com 25%, ou seja, o Fundo Resolução fica com todos os deveres e

quase nenhum dos direitos de um acionista. Aliás, mais: o Fundo de Resolução fica com o dever de pagar como

se tivesse a maioria e, quando chegar a altura de eventualmente receber alguma coisa, aí já só recebe como se

tivesse 25%. Entretanto, não vota.