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6 DE ABRIL DE 2017

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Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias.

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado, Sr.ª Deputada

Mariana Mortágua, gostaria de sublinhar a posição do Partido Socialista, que ainda hoje, nas declarações

políticas, voltará a sublinhar: a solução apresentada para a alienação do Novo Banco é a menos má, mas é a

menos má a partir de um ponto de partida péssimo.

Se a solução para o Lone Star fosse assim tão boa, seguramente teríamos mais interessados. Mas a verdade

é que a solução não é assim tão má que não tenha interessado nenhum. Portanto, isso parece-nos um ponto

de equilíbrio interessante.

Quer dizer, o ponto de partida é péssimo, mas, apesar de tudo, apesar deste ponto de partida, houve um

interessado que ainda acedeu às condições que o Governo português tentou impor.

Deixe-me perguntar-lhe o seguinte: por que é que o ponto de partida é péssimo? O ponto de partida é

péssimo, tal como a Sr.ª Deputada disse, porque o banco limpo, afinal, não era assim tão limpo. É que se de um

lado estava o BES mau, afinal, esse era o banco péssimo, já que uma parte da maldade e do mau tinha ficado

no Novo Banco.

O Sr. João Paulo Correia (PS): — É verdade!

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Em segundo lugar, o Governo PSD/CDS, em 2014, fez um acordo com

a Comissão Europeia que delimitava a 2016 a venda integral, a 100%, do Novo Banco, um banco com

problemas, com imparidades por registar, ao mesmo que tinha um prazo limite para ser alienado.

Este foi o ponto de partida que o XXI Governo Constitucional, o Governo do Partido Socialista, teve para

proceder, para cumprir os compromissos que o Governo liderado pelo Dr. Pedro Passos Coelho assumiu em

Bruxelas para vender o Novo Banco.

O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sim, sim!…

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Com este ponto de partida, o que é que foi feito? Foi procurar limitar

os impactos que a Lone Star podia ter na gestão dos ativos, ou seja, limitar as perdas e a possibilidade de os

contribuintes terem de contribuir mais.

Mais: conseguimos outra coisa muito importante, que tem a ver com o caminho que, em grande medida, o

Bloco de Esquerda, o PCP e o Partido Socialista têm vindo a trilhar nesta Câmara desde que este Governo

tomou posse. Se tivéssemos tido uma solução de nacionalização — e nem quero falar de liquidação —, a dívida

pública portuguesa teria tido mais encargos.

No momento em que todos estamos a fazer um esforço para que Portugal saia do procedimento por défice

excessivo e a dar as indicações objetivas ao mercado de que estamos no bom caminho, reduzindo défice e

dívida paulatinamente, a nacionalização implicaria, provavelmente, mais 4000 a 5000 milhões de euros de dívida

pública que teria de ser suportada pelo Tesouro, que o Governo português teria de ir buscar aos mercados para

financiar.

Aplausos do PS.

Isso seria hoje um sinal muito errado na recuperação que estamos a fazer do País.

Por isso, Sr.ª Deputada, creio que reconhece que o ponto de partida é, de facto, um ponto de partida muito

difícil, mas será que somando uma nacionalização com mais dívida estaríamos no caminho certo para

continuarmos a fazer aquilo que temos feito nos últimos anos, ou seja, recuperar rendimento, diminuir impostos

aos cidadãos, repor prestações sociais e fazer com que os portugueses voltem a creditar no futuro?

Esta é a pergunta a que tem de responder, Sr.ª Deputada: em que medida é que a nacionalização, neste

momento, contribuía para esse caminho que temos trilhado?