6 DE ABRIL DE 2017
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O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Funcionários, Sr.as e
Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 6 minutos.
Peço aos agentes da autoridade para abrirem as galerias.
Antes de iniciarmos a ordem do dia, vou dar a palavra à Sr.ª Secretária, Idália Serrão, para dar conta do
expediente.
A Sr.ª Secretária (Idália Serrão): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e foram
admitidos, os projetos de resolução n.os 783/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo que proceda à criação de um
código CAE específico para terapêuticas não convencionais (TNC) (PAN), 784/XIII (2.ª) — Recomenda ao
Governo que elimine as discriminações existentes em sede de IRS referentes ao exercício das
responsabilidades parentais (PS), 785/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo a preservação, conservação e
dignificação da Fortaleza de Peniche (PS), 786/XIII (2.ª) — Pela requalificação da Linha do Vouga e sua inclusão
no plano nacional de investimentos em ferrovia (BE) e 787/XIII (2.ª) — Recomenda a exoneração de Carlos
Costa do cargo de Governador do Banco de Portugal (BE).
É tudo, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Obrigado, Sr.ª Secretária.
Vamos, então, entrar na ordem do dia, cujo primeiro ponto, por marcação do Bloco de Esquerda, consiste
num debate de atualidade, ao abrigo do artigo 72.º do Regimento, sobre o tema «Processo de venda do Novo
Banco».
Antes de passar a palavra à Sr.ª Deputada Mariana Mortágua para intervir, peço aos Srs. Deputados que se
encontram de pé para se dirigirem aos seus lugares, de modo a começarmos o debate.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em janeiro, o Ministro Mário
Centeno deixou-nos três certezas sobre o Novo Banco. E cito: «A extinção do Novo Banco está fora de causa»;
«Não pode haver uma garantia de Estado para suportar negócios privados»; e «Não podemos ficar reféns de
soluções e vamos explorar todas as que tivermos à nossa mão».
Cada uma destas certezas foi agora desmentida por quem as apresentou. À laia de justificação, o Primeiro-
Ministro lembrou que não vivemos como a Alice no País das Maravilhas. Mas é o Governo que faz de «Rainha
de Copas» e aposta connosco uma corrida, sabendo que, neste lugar, por muito que se corra, nunca sairemos
do mesmo sítio.
Corrijo: na verdade, estamos até a correr para trás. Com esta decisão, cerca de 60% dos ativos bancários
ficam em mãos estrangeiras. Em Espanha, são 10%.
Como já sucedeu no caso do BANIF, seremos a chacota da Europa, porque jamais um país que se leva a
sério aceitaria isto, e até a Alice aprendeu que há jogos que são sempre para perder.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Lembramo-nos das promessas feitas pelo Governo PSD/CDS, nas
palavras de Maria Luís Albuquerque. E cito: «A solução de financiamento encontrada — um empréstimo do
Tesouro ao Fundo de Resolução a ser reembolsado pela venda da nova instituição e pelo sistema bancário —
salvaguarda o erário público». A anterior Ministra assegurava ainda a criação de um novo banco, com capital e
liquidez adequados.
Infelizmente, nenhuma destas garantias era, de facto, verdadeira. Não só não recuperaram os 3900 milhões
de dinheiro público injetados no Novo Banco como se tornou necessário mais capital. E é essa injeção de capital
que agora justifica a entrega do Novo Banco ao Lone Star em condições que são inaceitáveis.
Sr.as e Srs. Deputados: Não é demais exigir a clareza de assumir que este negócio vai ter, sim, custos para
os contribuintes. Em primeiro lugar, porque o Lone Star leva consigo os 3900 milhões que já foram injetados no