8 DE ABRIL DE 2017
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Recordamos que, por proposta do atual Governo, a Fortaleza de Peniche seria um dos edifícios históricos a
ser concessionados parcialmente a investidores privados, com o compromisso de serem reabilitados e de
ficarem acessíveis ao público, no âmbito de um projeto conjunto dos ministérios da Economia, da Cultura e das
Finanças, enquadrado pelo programa Revive.
O recuo do Governo relativamente à decisão anunciada originou a indignação da população de Peniche, da
autarquia e de outras estruturas locais, que acusam o Governo de ouvir as vozes do passado, impedindo o
desenvolvimento da sua comunidade, uma vez que esta concessão parcial representava para muitos uma
solução que iria dignificar este monumento, daria um contributo à dinamização económica da cidade, iria
seguramente aumentar a oferta turística da cidade, assim como iria permitir criar mais postos de trabalho em
Peniche.
Considerando que este património com enorme relevo histórico-cultural está em acentuado estado de
degradação, tememos que estes adiamentos comprometam a reabilitação do património que é uma enorme
mais-valia para a região e para o País.
Os Deputados do Grupo Parlamentar do PSD, Margarida Balseiro Lopes — Feliciano Barreiras Duarte —
Teresa Morais — Pedro Pimpão — José António Silva.
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O Forte de Peniche constitui um património histórico único e insubstituível, devendo ser encarado como um
dos mais importantes monumentos nacionais, estratégico para a preservação da memória histórica sobre a
ditadura fascista, a resistência antifascista e a luta pela liberdade e a democracia. Deve ter um papel fundamental
na transmissão às gerações futuras desse património de conhecimento histórico, bem como dos valores de Abril.
O PCP considera que, pela sua carga histórica, simbólica, museológica, emocional, política e patrimonial, a
Fortaleza de Peniche, e todo o seu conjunto edificado — incluindo os edifícios respeitantes à prisão política de
alta segurança do regime fascista —, deve ser considerada como um todo indivisível, inseparável da sua função
histórica, educacional e pedagógica, à qual se devem subordinar quaisquer utilizações, atividades e
intervenções naquele espaço.
Ao longo das mais de quatro décadas de liberdade e democracia, o Estado português não procedeu aos
investimentos necessários que dessem resposta cabal à justa aspiração da recuperação, requalificação e
valorização da Fortaleza de Peniche, sendo de valorizar os esforços que a Autarquia de Peniche desenvolveu,
apesar dos meios muito limitados, para preservar aquele espaço e ali instalar um núcleo museológico.
Esta realidade dá corpo à necessidade de conservação urgente deste monumento e à realização de
operações de estabilização, consolidação e restauro das estruturas, bem como à requalificação de todo o
espaço, para isso sendo determinante, quanto ao que o PCP defende e reafirma, a existência de financiamento
público para o efeito dentro da execução de um programa faseado de recuperação, requalificação e valorização
do Forte de Peniche.
Sendo a preservação do património cultural uma obrigação constitucionalmente acometida ao Estado, o PCP
considera que não pode o atual Executivo prosseguir um caminho desastroso trilhado por sucessivos governos
que praticaram uma política de direita perfeitamente ruinosa para com o património edificado do nosso país.
Tratando-se de uma matéria que diz respeito à memória coletiva de um povo, o património histórico,
designadamente quando se fala de edifícios com características históricas e valor simbólico e cultural, alguns
com centenas de anos de existência, que encerram em si elementos sobre períodos e episódios importantes da
nossa história coletiva, o PCP defende que não podem ser alienados ou alteradas as suas características,
nomeadamente físicas e de usos, apenas por mera vontade de qualquer governo e de interesses privados,
independentemente de pressões que estes possam exercer.
Consideramos que a Fortaleza de Peniche se trata de um espaço onde não é possível conciliar a atividade
hoteleira com a necessidade de preservar integralmente as suas características prisionais históricas. A
concretizar-se a concessão da Fortaleza, estaríamos perante um dos mais significativos ataques à memória
coletiva dos portugueses, particularmente sobre um período da nossa história contemporânea que deve ser do
conhecimento das futuras gerações e, simultaneamente, perante uma manifestação de desprezo para com a
luta antifascista em Portugal que se desenvolveu durante quase meio século. Pelo que a decisão de retirar este