5 DE MAIO DE 2017
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os direitos dos trabalhadores não são
defendidos ameaçando de caducidade os contratos que os preveem. Negociar novos contratos não pode ser
uma operação feita com a espada da caducidade sobre a cabeça dos contratos que estão em vigor.
A introdução da caducidade na legislação laboral pelo, então, Governo PSD/CDS, através do Código «Bagão
Félix», serviu apenas um objetivo: dar ao patronato uma arma para fazer desaparecer uma geração de direitos
laborais que estavam previstos nos contratos coletivos, que na altura abrangiam 1 500 000 trabalhadores.
Sr.as e Srs. Deputados, aquilo que ouvimos hoje novamente do PSD e do CDS são exatamente os mesmos
argumentos de 2003. Em nome da modernidade, em nome do desenvolvimento e da alteração tecnológica das
relações laborais, era preciso alterar a legislação laboral para dinamizar a contratação coletiva.
Sr.as e Srs. Deputados do PSD e do CDS, em 10 anos, de 2003 a 2013, houve 241 000 trabalhadores
abrangidos por novas convenções coletivas de trabalho. É este o resultado da farsa que os senhores venderam
em 2003.
Protestos da Deputada do PSD Maria das Mercês Soares.
Não houve dinamização da contratação coletiva, houve, sim, liquidação de contratos coletivos com um
conjunto de direitos que lhes estão associados.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ouvimos, neste debate, novamente, os mesmos argumentos, de que o PSD
e o CDS não prescindem, tal como em 2003 os afirmaram: é preciso fazer caducar os direitos para obrigar os
trabalhadores a negociar em piores condições, sendo obrigados a prescindir dos seus direitos, sendo
ameaçados pela caducidade para aceitarem a degradação das condições de trabalho, para aceitarem regras
que impõem uma mais injusta distribuição da riqueza.
Dizem os Srs. Deputados do PSD e do CDS e também a Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, do Partido
Socialista, que, antes de 2003, antes da introdução da caducidade, havia contratos coletivos que apenas eram
renovados em relação aos salários. Pois era! E já não era pouco! Renegociar um contrato coletivo para garantir
aumentos de salários não é coisa pouca!
Mas a verdade, Sr.as e Srs. Deputados, é que, depois de se introduzir a caducidade na legislação laboral,
hoje, nem para aumentar salários se renovam os contratos. Hoje, nem os aspetos que já antes não eram
discutidos se discutem, nem os salários são objeto de renegociação com vista ao seu aumento.
Diz o PSD: «A caducidade não é uma malfeitoria». Gostava de ouvir a Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes
a dizer isso aos trabalhadores da Petrogal, do setor dos têxteis, da hotelaria, dos SAMS, alguns dos quais estão
hoje a assistir a este debate. Diga-lhes que a caducidade não é uma malfeitoria e que os direitos que estão em
risco, que estão em xeque, não resultam dessa operação da caducidade que os senhores apoiaram.
Aplausos do PCP e do Deputado do BE José Moura Soeiro.
Diz o Sr. Deputado Adão Silva que a caducidade tem tido resultados. Só por desprezo pelos trabalhadores,
só por desprezo pelos direitos dos trabalhadores é que se pode dizer que a caducidade tem tido resultados. É
verdade que tem tido resultados, Sr. Deputado Adão Silva, mas é a favor do patronato! É a favor de quem paga
menos salários, de quem rouba feriados, de quem rouba dias de descanso, de quem rouba compensações e
subsídios que estão previstos nos contratos para serem pagos aos trabalhadores.
Diz o CDS que não é necessário revogar mais nada, apenas a contratação coletiva; não é preciso revogar
mais nada na legislação laboral.
Sr. Deputado Anacoreta Correia, certamente não se deu conta de que o PCP tem apresentado projetos de
lei sobre o banco de horas e a adaptabilidade, sobre o combate à precariedade, sobre o trabalho temporário,
sobre o outsourcing, sobre todos esses aspetos em que se concentra um aspeto essencial de um problema
dramático da vida nacional, que é o problema da exploração dos trabalhadores e da injusta distribuição da
riqueza.