I SÉRIE — NÚMERO 83
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pontuais do contrato de trabalho. É impossível não retirar deste facto, desta evidência, que, para estes partidos,
parece não ser já urgente a revogação total do conjunto dos artigos e normas que integraram a última reforma
laboral. É que se se limitam a discutir aspetos pontuais da atual legislação laboral, isto significa que, pelo menos,
estão já conformados com o essencial dessa reforma, o que é uma boa notícia para o País. E é uma boa notícia
para o País, porque hoje já nem o PCP, nem o Bloco de Esquerda têm realmente coragem de negar a evidência
dos factos, ou seja, que esta legislação tem trazido um dinamismo ao mercado de trabalho e, no essencial, tem
contribuído para a dinamização do mercado laboral, para a dinamização da economia, para a criação de postos
de trabalho e para a diminuição do desemprego.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Não esqueçamos, portanto, este contexto.
Mas, para além disso, esta iniciativa que o PCP aqui nos traz tem, claramente, uma agenda expressa e uma
agenda implícita, e é bom que nos detenhamos sobre ambas. A agenda expressa, como é evidente, diz respeito
à contratação coletiva e, sobre contratação coletiva, é bem evidente neste debate que o PCP e o Bloco de
Esquerda estão hoje num canto de uma sala, num canto do País, têm muito pouco a dizer em relação à
modernização e às exigências atuais da realidade laboral.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Tudo aquilo que disseram é manifestamente contrariado pelos
factos. Não, não é verdade que as alterações na legislação laboral tenham retirado importância à contratação
coletiva; não, não é verdade que a contratação coletiva esteja a diminuir. Basta atender, por exemplo, ao Livro
Verde, recentemente divulgado, onde se lê, bem, que entre 2014 e 1015 o número de trabalhadores abrangidos
pela contratação coletiva duplicou, ou seja, aumentou mais de 100%. Isto é a realidade que nos diz, documentos
tão insuspeitos como o Livro Verde.
As próprias instituições internacionais são claras a dizer que as alterações que foram introduzidas na
legislação laboral visaram, e bem, introduzir maior representatividade, maior dinamismo e maior capacidade de
afirmação aos contratos coletivos e é isto que está, precisamente, a acontecer. É que, Sr.as e Srs. Deputados, a
contratação coletiva é, como o próprio nome indica, uma contratação. Pressupõe um acordo de vontades e são
precisos instrumentos que tragam à contratação coletiva ganhos para ambas as partes, ganhos para os
trabalhadores e ganhos, também, para os empregadores, porque só assim é que se encontra, efetivamente, o
dinamismo que a própria contratação pressupõe.
Os Srs. Deputados ao quererem retirar à contratação coletiva essa dimensão de um esforço de acordo de
vontades estão, na verdade, a comprometer a sua eficiência, a sua capacidade de afirmação e estão a tratar a
contratação coletiva como uma coisa do passado, meramente reivindicativa e ideológica, que nada contribui
para a criação de postos de trabalho.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Mas dizia também que esta marcação, hoje, tem uma agenda
implícita, que não está aqui dita mas está subjacente a todo o debate que aqui tivemos. Esta agenda é muito
clara e põe em cheque o Governo e o Partido Socialista. A agenda implícita é esta: qual é a legitimidade do
Governo quando se senta com os parceiros sociais e quando afirma que tem condições para assegurar a
implementação de acordos sociais?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Isto porque, como já vimos no passado —…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!