I SÉRIE — NÚMERO 83
20
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — É certo que estávamos em tempo da troica, é verdade que o
Memorando de Entendimento assinado pelo Governo de José Sócrates apontava no sentido desta reforma. Mas
não é menos certo e verdadeiro que essa reforma foi precedida de um amplo debate em sede de concertação
social e legitimada por um amplo e importante acordo celebrado com os parceiros sociais. Ou seja, PCP e Bloco
de Esquerda não querem respeitar a concertação social, não querem valorizar o papel dos parceiros sociais.
Aplausos do PSD.
O PCP e o Bloco de Esquerda não querem respeitar os empregadores e, acima de tudo, não querem respeitar
os trabalhadores.
Mas, Srs. Deputados, a história desta matéria não se fica pelo passado, ela continua no presente e é uma
história muito relevante e merece toda a nossa atenção.
Apesar de tudo quanto dizem PCP e Bloco de Esquerda, as alterações introduzidas na legislação laboral não
representam malfeitorias nem contra o emprego, nem contra os trabalhadores, bem pelo contrário; de há anos
a esta parte, designadamente desde 2014, o desemprego cai e o emprego aumenta, e isto tem a ver, e muito,
com a modernização que foi introduzida, em 2012, na legislação laboral.
Isto pode custar a ouvir a quem hoje é Governo e sempre andou a apregoar o contrário, mas é a verdade
nua e crua: as reformas estruturais que foram feitas no passado — entre elas a da legislação laboral — estão
hoje a dar resultados positivos para o País.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — E isto vê-se na geração de emprego e na redução do desemprego.
Por isso, Srs. Deputados, não deixa de ser surpreendente que, numa altura em que o desemprego baixa e o
emprego aumenta, a grande prioridade do PCP e do Bloco de Esquerda seja reverter uma parte significativa da
legislação que está na origem destas mudanças no sentido de melhorar o emprego e de diminuir o desemprego.
Esta é a política da terra queimada no seu esplendor. Afinal, é caso para dizer: passam os anos mas a forma
arcaica e conservadora de fazer política permanece inalterada.
É, pois, fundamental que, face a estas posições do PCP e do Bloco de Esquerda, o Governo e o Partido
Socialista digam exatamente o que pensam e aquilo que pretendem fazer. É importante que digam exatamente
o que pensam sobre a contratação coletiva e o que vão apresentar aos parceiros sociais.
É, pois, fundamental que o Governo deixe de andar com discursos vazios, discursos redondos, a ver o tempo
passar e a alimentar simplesmente a «geringonça».
Por nós, Srs. Deputados, mantemos a mesma coerência de sempre: a contratação coletiva é um instrumento
importante de regulação das relações laborais e as alterações introduzidas pelo Governo PSD/CDS foram no
sentido de dinamizar a contratação coletiva, aliás, os dados conhecidos relativamente a 2016 mostram
precisamente que esse objetivo está a ser alcançado.
Revogar aquilo que anteriormente se aprovou, em sede de legislação laboral, seria trágico para o País e
péssimo para o investimento, com todas as consequências negativas que daí adviriam quer para o emprego,
quer para os trabalhadores.
Não alinhamos na visão retrógrada dos que só sabem olhar para trás e dos que há muito pararam no tempo,
como não acompanhamos as demagogias dos que, obcecados por questões meramente ideológicas, não são
capazes de agir com equilíbrio, pragmatismo e sentido de responsabilidade.
Hoje como sempre, no Governo como na oposição, pautamo-nos por princípios e convicções. Por isso, hoje
como no passado, somos defensores dos princípios do diálogo social e do superior interesse nacional!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos à Sr.ª Deputada
Clara Marques Mendes, a Sr.ª Deputada Wanda Guimarães.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.