I SÉRIE — NÚMERO 83
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Faço-lhe esta pergunta só por uma questão de organização,
porque o Sr. Deputado, se soubesse que eram quatro pedidos de esclarecimento, poderia querer organizar de
forma diferente a sua resposta.
Não sendo o caso, vou dar a palavra à Sr.ª Deputada Susana Lamas.
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, resulta claro deste debate que
a pretensão do PCP, que traz a reboque o Bloco de Esquerda, é a de reverter a reforma laboral efetuada pelo
anterior Governo, é reverter a reforma que tornou mais fácil a contratação, é reverter a reforma que tornou mais
flexível o regime laboral e deu confiança aos empregadores. Nós dissemos que esta reforma daria resultados a
médio prazo, e esses resultados estão à vista: o emprego aumentou e o desemprego diminuiu.
Já afirmámos neste Plenário, e voltamos a fazê-lo, que para o PSD dinamizar a contratação coletiva é, e
sempre foi, um objetivo essencial, pois consideramos a contratação coletiva um instrumento fundamental da
regulação das relações laborais. É através da negociação responsável entre quem está no terreno, no mundo
laboral, que melhor conhece as condições e as necessidades, que se consegue uma melhor resolução das
questões laborais, uma maior pacificação das relações laborais.
Para o PSD tal não pode ser feito à margem da concertação social.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — É no diálogo com os parceiros sociais que se consegue a efetiva
dinamização da contratação coletiva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — O PSD sempre teve uma posição bem clara sobre esta matéria. Sempre
respeitámos a concertação social e entendemos que qualquer alteração, ou eventual aperfeiçoamento, da
legislação laboral não pode ser feita à margem do diálogo com os trabalhadores, com os empregadores e com
os parceiros sociais.
Sr.as e Srs. Deputados, conhecemos as afirmações do Governo e as posições dos partidos da esquerda
radical e, portanto, dirijo as minhas questões ao Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Sabemos que o Primeiro-Ministro vem afirmando que não vale a pena estar sempre a mexer na legislação
laboral e que o que é preciso fazer é reforçar a concertação social. O Ministro do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social também já deixou claro que não pretende alterar o quadro legal quanto à caducidade das
convenções coletivas, nem quanto ao princípio do tratamento mais favorável. Aliás, as duas são pretensões dos
vossos parceiros de coligação, Srs. Deputados.
Conhecemos também as iniciativas do PCP e do Bloco de Esquerda, sendo, aliás, projetos de lei claros e
que ilustram bem as suas posições. Ilustram bem o desrespeito pela concertação social,…
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — … ilustram bem o desrespeito pelo Governo que apoiam e ilustram bem a
sua prisão ao passado, aos dogmas que os cristalizam, tais estátuas de sal.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Portanto, Sr.as e Srs. Deputados do Partido Socialista, a questão que coloco
é esta: perante isto como veem esta atitude dos vossos parceiros de coligação? Como se sentem ao ver um
parceiro de coligação ignorar o que diz o Governo? Como se sentem ao ouvir o vosso parceiro de coligação
chamar-vos retrógrados e atrasados?
Os vossos parceiros de coligação não respeitam a concertação social, não respeitam o Governo que apoiam
e que sabem estar a negociar com os parceiros sociais, apenas estão preocupados com as suas próprias
agendas ideológicas.