5 DE MAIO DE 2017
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Foi através da contratação coletiva que os trabalhadores asseguraram a atualização de salários, a regulação
de horários, o reconhecimento de qualificações, a definição de carreiras, a proibição de despedimentos sem
justa causa, os dias de férias pagos, o pagamento de trabalho suplementar, entre outros direitos.
Não deixemos este instrumento de regulação definhar, sob risco de continuarmos a recuar em matéria de
direitos laborais e passarmos a não ter direitos absolutamente nenhuns, no nosso País, para quem trabalha.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo Bexiga.
O Sr. RicardoBexiga (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Inicio a minha intervenção sublinhando,
desde já, as quatro grandes ideias que balizam a posição do Grupo Parlamentar do Partido Socialista sobre as
iniciativas legislativas dos Grupos Parlamentares do Bloco de Esquerda e do PCP em matéria de contratação
coletiva, as quais hoje estamos a apreciar.
A primeira ideia que gostaria de sublinhar é a de que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista está, como
sempre esteve, na primeira linha da defesa e da promoção da contratação coletiva.
Foi a contratação coletiva que sempre permitiu aos trabalhadores e aos empregadores encontrarem as
melhores soluções para regular as relações laborais num quadro de autonomia que sempre valorizou a
representatividade das partes intervenientes e os resultados atingidos.
É por via da negociação coletiva que as economias se tornam mais dinâmicas, eliminando todos os
obstáculos que os parceiros sociais sentem na busca de objetivos comuns, como são o da criação de mais
riqueza e o da criação de mais e melhor emprego.
Aplausos do PS.
Estamos certos de que a contratação coletiva é o instrumento normativo laboral mais adequado para vencer
os novos e ambiciosos desafios colocados pelas mudanças aceleradas do mercado de emprego,
designadamente perante os novos desafios da digitalização da economia e da robotização de múltiplas
atividades produtivas.
A segunda ideia fundamental que gostaria de sublinhar é a de que o PS defende, e defenderá sempre, um
modelo de trabalho digno e com direitos. Gostaria muito de sublinhar a ideia de que, para o PS, o trabalho será
sempre um trabalho com direitos.
Aplausos do PS.
Neste quadro, as negociações em matéria laboral não podem ser restringidas à esfera individual do
trabalhador, porque a complexidade das relações laborais no âmbito da nova economia exige respostas que só
podem ser atingidas através da intervenção dos parceiros sociais num espaço aberto e participativo de diálogo
social.
Em terceiro lugar, gostaria de reafirmar a ideia, várias vezes assumida pelo Primeiro-Ministro, António Costa,
de que o modelo de economia competitiva que defendemos não assenta, ao contrário de outros modelos, numa
estratégia de baixos salários e de limitação dos direitos dos trabalhadores. Não! O PS está hoje a construir,
através do Governo que apoia, um País mais desenvolvido, com níveis nunca antes atingidos de crescimento
económico, mas também um País mais justo e solidário, porque o crescimento económico está a contribuir
claramente para a revalorização dos direitos laborais e para uma economia mais justa e equilibrada e uma forma
mais justa de distribuição de riqueza.
Em quarto lugar, o PS defende que a regulação do mercado de trabalho e do quadro das relações laborais
não pode ser imposto por decreto.
Aplausos do PS.