5 DE MAIO DE 2017
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O Sr. Adão Silva (PSD): — A pergunta que lhe dirijo desde já é a seguinte: se é tão importante a contratação
coletiva, por que é que, quando estabeleceram o acordo de Governo com o Partido Socialista, não incluíram a
contratação coletiva como matéria obrigatória e incontornável desse mesmo acordo? Esta é a primeira pergunta.
Aplausos do PSD.
Voltando à sua metáfora, ou seja, a de que a contratação coletiva não é um verbo-de-encher, também lhe
digo que a contratação coletiva não é uma arma de arremesso contra a democracia participativa, a democracia
de diálogo, contra a democracia onde o que deve prevalecer é o compromisso que em Portugal se institui muito
bem através da concertação social.
VV. Ex.as, em boa verdade, fazem este debate num tempo muito oportuno, com certeza, e num exercício em
que nada para a concertação social, nada para a democracia participativa, tudo por uma lógica revolucionária,
uma lógica de rua, uma lógica de CGTP. É verdadeiramente aquilo que se pode dizer «o PCP ao serviço da
CGTP», «o PCP correia de transmissão da CGTP»!
Aplausos do PSD.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Sr.ª Deputada, a inoportunidade deste debate é manifesta, e quem o diz são os números.
Veja bem: neste momento, o que é que temos em Portugal? Temos o emprego a crescer, temos o
desemprego a diminuir e temos, até, imagine, Sr.ª Deputada, desde 2014, como sabe muito bem, os acordos
de convenção coletiva a aumentar e o número de trabalhadores abrangidos pela contratação coletiva também
tem vindo a aumentar.
Significa isto, Sr.ª Deputada, que as leis laborais — contra as quais os senhores tanto batalharam em 2012,
em 2013 e em 2014 e que o Governo anterior, custosa, abnegada e corajosamente, levou a cabo — estão a dar
frutos. O emprego cresce, o desemprego diminui e até, veja bem — azar dos Távoras, que é como quem diz
azar da Deputada Rita Rato! —, as contratações coletivas estão a crescer. É realmente notável!
Sr.ª Deputada, há aquele jargão, aquela tirada do futebol, de que na equipa que ganha não se mexe, na
equipa ganhadora não se mexe. A pergunta que faço é esta: se os resultados das leis laborais que fizemos em
2012, 2013 e 2014 são tão bons — e são! —, por que razão mexer naquilo que é bom? Só por um exercício de
completo absurdo ou, então, por um exercício completamente incontornável e incontemporizável por parte dos
portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos Monteiro, do
CDS-PP.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Rita
Rato, o PCP agendou este debate sobre contratação coletiva potestativamente.
Mais uma vez, não há 1.º de Maio em que o PCP não venha fazer a sua prova de vida, reivindicando a sua
influência no mundo sindical e na CGTP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Hoje, é dia 4 de maio! Já passaram três dias!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — E o PCP — já agora, também com o apoio do Bloco de
Esquerda — o que é que pretende? Melhorar a atual lei? É que, se for para melhorar a atual lei, estamos sempre
disponíveis.
Risos do PCP.