I SÉRIE — NÚMERO 83
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Mas o que pretendem não é isso. O que pretendem é reafirmar o seu preconceito ideológico da luta de
classes, da luta dos trabalhadores contra os empregadores e contra as empresas. Pretendem voltar a uma
economia refém da CGTP e dos seus sindicatos.
Protestos do PCP.
Aliás, nas nossas jornadas parlamentares, visitámos empresas em Vale de Cambra, em Águeda, em Ílhavo…
Vimos empresas em que a lógica é a de os trabalhadores e empregadores cooperarem para criar riqueza e
emprego, empresas que exportam 80% da sua produção, empresas que querem contratar trabalhadores e que
pagam a esses trabalhadores salários médios, muito acima do salário mínimo. Esses trabalhadores não
precisam destas propostas do PCP. Só que o PCP prefere ignorar os interesses destes trabalhadores para
reafirmar os seus preconceitos.
O que pretendem o PCP e, já agora, o Bloco de Esquerda? Pretendem alterar 17 artigos do Código do
Trabalho relativos ao tratamento mais favorável e à sucessão de convenções coletivas. Só que o PCP prefere
ignorar que esta reforma foi muito elogiada pela OCDE ao dizer que ainda deveríamos ir mais longe…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Por vontade da OCDE voltaríamos ao trabalho de jorna!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — … e que dos 17 artigos, 13 são da autoria integral do atual
Ministro Vieira da Silva, que o mesmo PCP e o Bloco de Esquerda apoiam no Governo.
Aliás, o PS já anunciou que vai votar contra as vossas propostas. Sim, ao contrário da semana passada,
desta vez, pelo menos o PCP diz que «vai a votos». Na semana passada, nem isso dizia.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Pelo que este debate é mais um exercício de hipocrisia do PCP, que vem a este debate como uns valentões
que gritam «agarrem-me, senão vou-me a eles», quando o mais que querem é que sejam agarrados. E o PS
fez-lhes a vontade, quando disse que ia votar contra.
Protestos do PCP.
Sr.ª Deputada Rita Rato, o PCP gosta muitas vezes de relembrar as antigas praças de jorna, onde os
trabalhadores estavam sujeitos à discricionariedade dos patrões para poderem trabalhar.
Sr.ª Deputada, não acha que o PCP se colocou hoje numa praça de jorna? Isto porque o PS vem buscar o
seu voto quando quer e lhe interessa; quando não quer, ignora, rejeita e vota contra as vossas propostas. Diga-
me, Sr.ª Deputada Rita Rato, vive feliz nessa praça de jorna? Se não vive, seja consequente. Ou falta-lhe
coragem para isso?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, agradeço aos Srs. Deputados que me colocaram
questões.
Começando por responder aos Srs. Deputados do PSD e do CDS-PP, não nos surpreende este discurso
antissindical por parte do PSD e do CDS porque isso traduz, de facto, a sua visão, a sua retórica e a sua prática.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — A prática do PSD e do CDS é a de quem convive mal com a existência de
sindicatos, com a existência de direitos dos trabalhadores e até com princípios de defesa da contratação coletiva
na Constituição.