I SÉRIE — NÚMERO 83
12
As leis são importantes para balizar a negociação coletiva, mas não podem ser um instrumento que as atrofie
e menorize.
Não se pode reivindicar a centralidade da negociação coletiva e da concertação social ao mesmo tempo que
se aposta em soluções legais que efetivamente a desvalorizam, que desvalorizam a intervenção dos parceiros
sociais, dos representantes dos trabalhadores e dos representantes dos empregadores. Batemo-nos por uma
regulação equilibrada e eficaz do mercado de trabalho.
Queremos dar voz e oportunidade aos parceiros sociais para construírem novas soluções para os novos
problemas do mercado de trabalho, com um novo espírito, de um Estado menos centralista, menos impositivo e
mais aberto à autonomia e à maturidade dos agentes sociais e económicos.
Temos pela frente grandes desafios resultantes da acelerada mudança da economia, designadamente do
quadro das alterações das relações económicas globais e das mudanças tecnológicas da atividade produtiva.
Destaco os seguintes desafios: a regulação económica do mercado de emprego, tendo sempre como
prioridade o desenvolvimento de condições que criem mais e melhor emprego; vencer o desafio das mudanças
tecnológicas, apostando na formação e qualificação dos trabalhadores e valorizando o valor do trabalho face à
robotização das tarefas e às novas formas de trabalho; afirmar o trabalho como um instrumento essencial de
criação de justiça social, combatendo a pobreza e as desigualdades; por fim, garantir o futuro do trabalho,
assegurando quadros regulamentares que definam linhas vermelhas que não poderão ser ultrapassadas pelos
novos modelos da organização produtiva.
Aplausos do PS.
Reconhecemos que o dinamismo da contratação coletiva quebrou substancialmente por força das políticas
laborais do anterior Governo, PSD/CDS. Já muito discutimos sobre esta questão nesta Assembleia, quer no
número de convenções e acordos coletivos celebrados, quer no número de trabalhadores abrangidos.
Esta realidade é, aliás, bem visível no Livro Verde sobre as Relações Laborais, que acaba de ser divulgado
pelo Ministério do Trabalho e Segurança Social, e é já hoje também visível que este cenário está a alterar-se,
quer relativamente ao número de trabalhadores abrangidos, quer ao número de acordos e contratações coletivas
celebradas, tudo isto resultado das novas políticas do Governo do PS assentes nas ideias e objetivos que já há
pouco referenciei.
Aplausos do PS.
Estes novos resultados são, então, fruto das novas políticas deste Governo, que conseguiram conquistar
resultados históricos no combate ao desemprego e na criação de emprego, resultados esses que quero aqui
vivamente saudar, e são também resultados derivados dos contributos de todos os representantes dos
trabalhadores, dos empresários e dos parceiros sociais para a construção de um Portugal melhor, mais
desenvolvido, que gera mais riqueza e justiça social na sua luta do dia a dia para criar uma nova economia e
um novo País mais desenvolvido.
Esta confiança e este empenho traduzem-se também nos resultados em sede de concertação social,
designadamente no compromisso tripartido para um acordo de concertação a médio prazo. Neste compromisso,
o Governo e os parceiros sociais acordaram um conjunto de medidas para promover a negociação coletiva e
medidas de promoção relativas à competitividade das empresas e à modernização económica e social do País.
Assim, neste acordo foi consagrada a garantia de 18 meses sem renúncia de convenções coletivas, a
promoção de portarias de extensão e a promoção da negociação coletiva.
No momento em que este compromisso está em vigor, no momento em que iniciámos também um debate
público alargado do Livro Verde sobre as Relações Laborais e as principais soluções para os problemas
identificados no nosso mercado de trabalho,…
Aplausos do PS.
… quando a negociação coletiva recupera o seu dinamismo, dando voz e autonomia aos representantes dos
trabalhadores e empregadores, é, a nosso ver, extemporâneo avançar com as alterações legislativas pontuais,