I SÉRIE — NÚMERO 86
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É nestas questões que trabalhamos, é sobre esses temas que o Governo tem obrigação, desde já, de
trabalhar. É para esse fim que o Partido Socialista também se disponibiliza para um trabalho continuado, no
sentido do progresso que dignifique o trabalho, que proteja as pessoas e os empreendedores. É esse o
progresso que o Partido Socialista deseja. Também é isso, Sr. Primeiro-Ministro, que nos distingue em Portugal
e que nos valoriza no contexto partidário português
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos César, começou por sinalizar a dificuldade que
a oposição tem tido em fixar o discurso crítico relativamente à política que tem vindo a ser seguida pelo Governo.
Todos nos recordamos que, no princípio da Legislatura, o Diabo era apresentado como a repetição de uma
estratégia assente em grande investimento público, que iria conduzir o País à desgraça, e num aumento da
procura interna, com desprezo pelas exportações.
Verificaram depois que o modelo não era esse e, então, da crítica que tinham feito, de que íamos apostar
tudo no aumento do investimento público, passaram à crítica de desvalorização da importância do investimento
público, como se a quebra do investimento público não tivesse sido explicada, unicamente, pela forma
desastrosa como foi gerida a transição do QREN para o Portugal 2020.
Durante meses, anos, criticámos o modo como o então Ministro Poiares Maduro geria, de forma
absolutamente desastrosa e com notável incompetência, a transição do QREN para o Portugal 2020.
Infelizmente, ninguém ligou nenhuma!
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD Pedro Passos Coelho.
O desleixo foi tanto que, em plena fase de conclusão do Portugal 2020, o Secretário de Estado do
Desenvolvimento Regional foi substituído, aparecendo um novo que não deu continuidade àquilo que tinha sido
feito pelo Secretário de Estado anterior.
Foi assim que foi gerida a transição de quadros e o País pagou duramente em 2016 a falta de capacidade
de investimento.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mais uma herança!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Hoje, felizmente, temos o Portugal 2020 em velocidade de cruzeiro, quer no que
diz respeito às empresas, quer no que diz respeito ao Estado, quer, sobretudo, no que diz respeito às autarquias
locais. É isto que explica que tenhamos tido um aumento de mais de 25% no investimento público no 1.º trimestre
deste ano, comparativamente com o 1.º trimestre do ano transato.
Depois, disseram que, com a política de rendimentos que íamos seguir, com o aumento do salário mínimo
nacional, a reposição de direitos dos trabalhadores, iríamos afugentar o investimento privado. Bom, aquilo que
verificámos foi que o investimento privado subiu, ao longo do ano, cerca de 6%…
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Caiu!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e, neste trimestre, comparativamente com o homólogo, verificámos um
crescimento do investimento privado de 7,7%. Ou seja, os investidores não estão a ser afugentados pelo
aumento do salário mínimo nacional, os investidores não estão a ser afugentados pela atual maioria política,
pelo contrário, os investidores estão a ter confiança na nossa economia, estão a aumentar o investimento, a
criar riqueza e a aumentar o número de postos de trabalho.
Aplausos do PS.