I SÉRIE — NÚMERO 95
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O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Sr. Presidente, termino brevemente, usando, aliás, da mesma
disponibilidade que já foi concedida, colocando uma outra questão: para quando as pensões antecipadas para
quem começou a trabalhar em criança?
Hoje, estão presentes nas galerias pessoas que começaram a trabalhar nas pedreiras com 11 anos e que
vão ter de respirar pó de pedra e arcar com a carga pesada que têm todos os dias até aos 66 anos. Alguém
acha que isto é possível ou justo e que respeita a dignidade de quem trabalha neste País?! É uma promessa
que está à espera há tempo demais.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, se achássemos que era possível
não tínhamos inscrito no Programa do Governo a necessidade de reduzir o número de alunos por turma. Se
prevemos a necessidade da redução do número de alunos por turma foi por sabermos que isso é essencial para
a qualidade do ensino. E é isso que estamos a fazer.
Se a Sr.ª Deputada me perguntasse se eu gostava de o fazer simultaneamente em todas as escolas do País,
responderia que sim, claro que gostava. Acontece que não posso. Portanto, não podendo, tenho de definir
prioridades. Onde é que é mais prioritário? É mais prioritário onde é necessário fazer um esforço acrescido para
corrigir a desigualdade de origem e para criar melhores condições para a igualdade de oportunidades, ou seja,
naquelas zonas onde temos maior insucesso escolar, naquelas zonas onde temos maior abandono escolar. E
foi por isso que começámos nos TEIP porque é aí que é prioritário começar um caminho, prossegui-lo e alargá-
lo ao conjunto das escolas, porque todas as escolas devem ter, obviamente, as mesmas condições.
Sr.ª Deputada, não temos nenhuma divergência. O consenso que existe nesta Assembleia — ainda bem que
existe — é um consenso em relação ao qual o Governo não se aparta: é necessário reduzir os custos da energia
para toda a gente, mas acontece que temos um quadro legal contratual e regulamentar que é necessário
respeitar.
Já conseguimos, com isto, que este ano houvesse o mais baixo aumento de sempre na tarifa da eletricidade
para toda a gente, que houvesse uma redução do preço do gás para a indústria e esperamos que continue a ter
essa progressão.
Protestos do PSD.
Foi pela mesma razão que, ao contrário do que o anterior Governo se tinha comprometido fazer, não
acabámos com a contribuição extraordinária do setor da energia e mantivemos essa contribuição, porque não
estamos satisfeitos com o quadro regulatório que hoje existe nem com a contribuição que tem.
Registamos também que não é por acaso que empresas, como a EDP, que docilmente aceitaram pagar, no
anterior Governo, essa contribuição, passaram a ter uma postura hostil relativamente ao atual Governo,
passando a impugnar judicialmente o que antes aceitavam pagar docilmente. Por alguma razão havia docilidade
e por alguma razão há agora hostilidade.
Protestos do PSD.
Continuaremos a cumprir a nossa missão de trabalhar para reduzir o custo da energia, porque é algo
absolutamente essencial para podermos ter um melhor equilíbrio energético, energia mais limpa, mais segura e
a melhor preço para o desenvolvimento do nosso País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para fazer perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.