I SÉRIE — NÚMERO 101
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Sem isso estar escrito, preto no branco, é muito difícil, por mais que queiramos, encontrar uma solução
cumprível. Não será o CDS a parar esta solução cumprível, mas também não será o CDS a passar cheques em
branco. Não é isso que se espera, nem é isso que é possível, creio eu, de cada um de nós.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado
João Galamba, do PS.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Não posso
deixar de responder ao Sr. Deputado Carlos Silva dizendo que não me parece que, tendo em conta o problema
que temos em mão e os antecedentes deste caso, em que todos os partidos votaram, por unanimidade, na
Comissão de Inquérito ao BES uma recomendação para encontrar mecanismos no sentido de resolver e minorar
as perdas dos lesados, que os lesados que aqui estão hoje presentes mereçam a sua intervenção.
E acho que o seu partido também não merece que tivesse feito essa intervenção, porque o seu partido
também não teve essa atitude na Comissão de Inquérito.
Aplausos do PS.
Foi despropositada, fora de tom e, de facto, se pensar um pouco naquilo que disse, o próprio Sr. Deputado
verá que não faz qualquer sentido.
Não criemos confusões onde elas não existem. Ninguém aqui, nem o Partido Socialista, nem nenhum
Deputado de outro partido, nem, seguramente, o Governo, ilibou quem quer que seja, Sr. Deputado. Todos os
mecanismos jurídicos continuam em vigor e as pessoas serão processadas.
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Vamos ver!
O Sr. João Galamba (PS): — E não há nenhuma atuação, nem nenhum projeto ou iniciativa do Governo ou
destes partidos que tenha ilibado quem quer que seja.
Ficava-lhe bem reconhecer isso, porque a última coisa de que precisamos em processos desta natureza é
criar confusão onde ela não existe, Sr. Deputado.
Aplausos do PS.
Se me permite, o Partido Socialista sempre defendeu a exoneração e a saída imediata de Ricardo Salgado,
no final de 2013. Houve entidades que escolheram manter Ricardo Salgado à frente do BES e que lhe atribuíram
a missão de separar…, o chamado «ring-fencing». Não foi, seguramente, o Partido Socialista nem este Governo
que o fez e, Sr. Deputado, fica-lhe mal insinuar que se passou o contrário.
Aplausos do PS.
Os lesados do BES merecem que levemos a sério aquilo que dissemos sobre eles. Os milhares de
portugueses que, por razões várias, mas também por falha do Estado, perderam as suas poupanças merecem
e têm o direito que os tratemos com decência e que lhes dêmos respostas aos seus problemas.
Aplausos do PS.
E foi isto que também o seu partido recomendou, porque votou, por unanimidade, o relatório da Comissão
de Inquérito.
Foi também isto que este Governo fez: encontrou um problema pendente e procurou encontrar uma solução
equilibrada — que não ilibe ninguém, mas equilibrada e que também responsabilize o Estado — para os milhares
de portugueses que, sem terem tido qualquer responsabilidade, investiram e compraram produtos sem saber o